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Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Flamengo de Sampaoli surpreende pelo estilo monótono

Jorge Sampaoli, técnico do Flamengo, durante o jogo contra o Cruzeiro, pelo Brasileirão - Dhavid Normando/Agência Estado
Jorge Sampaoli, técnico do Flamengo, durante o jogo contra o Cruzeiro, pelo Brasileirão Imagem: Dhavid Normando/Agência Estado

Colunista do UOL

28/05/2023 04h00

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Qualquer um que esperasse uma adaptação rápida do Flamengo a Jorge Sampaoli estava iludido. Seu estilo de jogo sempre foi particular e costuma necessitar de um período mais longo de ajuste do time, como ocorreu no Santos e Atlético-MG. O que é inesperado no seu início rubro-negro é o estilo de futebol monótono, cauteloso.

Diante do Cruzeiro, o Flamengo voltou a mostrar dificuldade de achar espaços na defesa rival, de ameaçar de fato o time mineiro. Sim, teve o domínio do primeiro tempo no campo adversário e a bola por um período mais longo do jogo. Mas, em geral, abusava dos passes laterais e recuos.

Nada a ver com o modelo elétrico de jogo que Sampaoli implantou em suas equipes anteriores. Quando foi contratado pelo Flamengo, a expectativa era de que armaria um time ofensivo, sufocando o rival, e até por isso exposto defensivamente. Era previsível tomar e dar goleadas no seu início. Isso só ocorreu em poucas ocasiões como o Fla-Flu e a partida contra o Maringá pela Copa do Brasil.

Não é a rotina na maioria dos jogos. Embora com mais posse de bola (68% x 32%), o Flamengo finalizou menos a gol do que o Cruzeiro (14 x 18). E o time rubro-negro só mandou duas bolas em direção do gol em toda a partida. De chances claras, fora o gol de Ayrton Lucas, houve dois lances de Gabigol, o pênalti cobrado na trave e um chute próximo ao gol.

O Cruzeiro esteve mais perto de seu segundo gol - especialmente depois do intervalo quando foi melhor. Houve arremates perigosos de Gilberto e Henrique Dourado.

Pode-se discutir quais os motivos para essa posse de bola pouco produtiva do Flamengo. Os jogadores talvez estejam longe da melhor forma física e técnico, incapazes de partidas intensas seguidas, o calendário é extenuante, faltam atletas com determinadas características de velocidade pelos lados. No geral, é um time que se apresenta pouco competitivo.

Ao final do jogo, Sampaoli entendeu que faltou ao Flamengo, mais uma vez, contundência, isto é, a conclusão correta das jogadas. Mais, afirmou que o time estava acelerando de mais as jogadas por conta da impaciência da torcida.

"Para mim, quando o time joga bem se planta no campo rival, dá muito passe no campo rival. Quando acelera muito aos ataques, se vem a transição e termina complicando o time", disse o técnico argentino.

O que Sampaoli indica querer é um time bastante cauteloso na troca de bola, que priorize não a desperdiça-la de nenhuma forma, o amor pela bola. Somado as ausências de Everton Ribeiro e Arrascaeta, contundidos, isso tem tornado o Flamengo um time que não arrisca, que não tem soluções ofensivas, lento, até tedioso. É até difícil desacelerar mais, daqui a pouco o time rubro-negro vai de andador para o ataque

Até um jogador como Pedro, que vinha em uma boa temporada, caiu de rendimento no novo esquema. Não deu sequência a poucas jogadas contra o Cruzeiro. Ressalte-se que a fase técnica dos principais astros rubro-negros é ruim.

Obviamente que é impossível ter um diagnóstico definitivo sobre o trabalho de Sampaoli com tão pouco tempo. Até porque ele mesmo diz que os jogadores não estão em forma para executar o tipo de jogo. Certo é que o que se vê até agora não permite ao torcedor sonhar como ele disse após o Fla-Flu. No máximo, induz ao sono.