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Trio de ferro de SP e Flamengo concentram metade da receita da Série A
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Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo concentraram 49% da receita de clubes da Série A em 2022. É o que mostra o relatório da consultoria "Convocados" em cima das contas dos times da primeira divisão. O estudo também indica que os resultados do Brasileiro estão cada vez mais vinculados à quantidade de dinheiro de cada clube.
O levantamento da consultoria aponta uma receita total de R$ 6,915 bilhões dos clubes da Série A. Houve um crescimento pequeno de 0,7% em relação à temporada de 2019, última antes da pandemia na Série A. As receitas de match day (bilheteria e sócios) e de patrocínio tiveram um crescimento na participação geral de recursos.
O que se consolida é a concentração de receita no topo do futebol brasileiro, isto é, entre as quatro maiores torcidas. Em 2021, representavam 48% das receitas. Agora, tiveram 49% do total.
"Existe um movimento de concentração de receitas no Brasil, com os 4 clubes de maior torcida gerando quase metade do total. Há também um claro descasamento do Flamengo em relação ao restante do grupo. Depois temos um terceiro escalão, que vai do Atlético-MG ao Fortaleza. De qualquer forma, dada a relevaância das receitas por performance e com negociação de atletas, as fronteiras entre os grupos é sempre mais suscetível a mudanças. Entretanto, o topo da pirâmide (Flamengo e Palmeiras) parece consolidado", diz o documento.
O Flamengo tem uma clara vantagem, seguido de Palmeiras, com o Corinthians, próximo, e o São Paulo, em quarto. No total, os quatro clubes somam R$ 3,359 bilhões, consideradas as receitas operacionais.
O impacto na tabela é certo. Desses, três dos times estiveram entre os cinco primeiros no topo da tabela do Brasileiro da Série A. Pelo trabalho da consultoria Convocados, é preciso ter uma receita entre R$ 464 milhões e R$ 549 milhões para disputar entre os cinco primeiros, ou uma gestão muito eficiente no futebol para se superar.
Esse patamar de receita é possível para os quatro times de maiores torcidas. Equipes como Atlético-MG, Inter e Grêmio conseguem esse nível de renda quando têm boas vendas de jogadores ou premiações de competições. O cenário vai ficando parecido com o do futebol europeu.
"Estamos caminhando para isso há algum tempo (parecido com Europa), e quanto mais o tempo passa, mais este cenário se consolida. Competições estilo copa dão espaço para clubes de menor receita e orçamento, mas competições de longa duração acabam sempre nas mãos de clubes com maior poderio financeiro. Pode até ocorrer casos como o Inter e o Flamengo de 2022, que inverteram de posição — como aconteceu na Itália nessa temporada, ou mesmo na França com o segundo posto — mas o campeão tende a ser aquele que está entre os clubes de maior orçamento", contou o economista César Grafietti, da consultoria Convocados.
Além da consultoria Convocados, participaram do relatório a empresa Outfield, que atua na área de gerar recursos para sanar passivos de clubes, e a Galapagos Capital, gestora de recursos e investimentos.
No documento, além de apontar o patamar de receita para estar no topo da Série A, estabelece-se outras três faixas de receita relacionadas com as posições na tabela. O segundo patamar de renda é entre R$ 325 milhões e R$ 384 milhões. Na sequência, há um nível entre R$ 206 milhões e R$ 257 milhões. Abaixo disso, a briga é para não cair para a Série B.
"Ou seja, clubes com menos de R$ 170 milhões de receitas totais correm enorme risco de ser rebaixados quando joga a Série A", diz o documento.
Obviamente, esse é um parâmetro e que não determina totalmente a tabela, tanto que o São Paulo ficou longe do top 5 em 2022. Outros fatores determinantes são os gastos: um time pode ter despesas bem acima das suas receitas, como é o caso do Botafogo. E um terceiro elemento é a eficiência de gastos. Um time, portanto, pode fazer seu dinheiro render mais ao ter uma gestão boa do futebol.
Mas é difícil saltar de patamar e ser uma surpresa como ocorria no passado no futebol brasileiro.
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