Flamengo vê aporte de fundo desvantajoso e cogita se tornar sócio da Liga
A negociação entre clubes da Libra e do fundo Mubadala envolve uma proposta de compra de fatia dos direitos de TV do Brasileiro. O Flamengo entende que a operação de vender simplesmente seus direitos por um aporte imediato não é vantajosa. Mas debate a possibilidade de trocar parte desses direitos por um investimento na própria Liga. Outros clubes do grupo poderiam fazer o mesmo.
A Libra é um grupo composto por Flamengo, Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras, Grêmio, Bahia e Red Bull, na Série A.
A proposta inicial do Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, era de comprar 20% da Liga por R$ 4,750 bilhões por 50 anos. Houve nova oferta do fundo de adquirir 12,5% dos direitos por um valor entre R$ 1,3 bilhão e R$ 4 bilhões a depender do número de times.
Com dinheiro em caixa e dívida baixa, o Flamengo não tem necessidade de aportes no momento. Suas contas estão sustentáveis. A diretoria poderia usar dinheiro para investimentos, mas descarta qualquer gasto com jogadores com esses recursos. O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, entende que isso comprometeria o futuro do clube.
A partir daí, a diretoria rubro-negra fez as contas e considera o dinheiro oferecido pelo Mubadala caro para o mercado financeiro. O clube avalia que poderia obter os mesmos recursos no mercado por custo menor. Ou seja, no geral, a operação não valeria a pena para o clube, cedendo um percentual entre 12,5% e 20% dos seus direitos de TV por um ganho imediato entre R$ 158 milhões e R$ 316 milhões.
Assim, Landim propôs outra possibilidade à Libra: ceder uma fatia dos seus direitos em troca de um percentual da Liga. Ou seja, tornar-se sócio da empresa que iria gerar uma possível Liga do Brasileiro. Neste caso, o Flamengo receberia os seus 80% ou 88,5% de receitas, mais eventuais ganhos gerais da Liga, e lucraria com o crescimento da empresa. Nos EUA, os clubes são sócios da MLS.
O debate entre Libra e Flamengo nesse sentido ainda está em fase inicial. Essa discussão faz parte da formatação do contrato definitivo entre Mubadala, Libra e os clubes. Há um pré-acordo com 60 dias para conclusão do negócio. Pela proposta atual do Mubadala, os clubes podem optar por não vender os seus direitos de TV, embora essa seja uma preferência do grupo.
Essa alternativa de se tornar dono de parte da liga não poderia ficar restrita a um clube. Sendo assim, a Libra já ofereceu para a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, a mesma possibilidade, já que o clube também tem contas saudáveis. Assim, o clube alviverde também poderia trocar o seu aporte por receber um percentual da Liga. Outras agremiações que não queiram receber aportes poderiam requisitar o mesmo. Mas ainda é um debate, nada fechado.
A Libra está negociando em bloco os direitos de TV do Brasileiro de 2025 de nove clubes da Série A. Há um aval dos clubes. Mas isso não significa que as agremiações necessariamente vão aceitar o valor negociado em bloco. O pré-contrato tem um prazo de 60 dias e acaba no final de agosto. Até lá os clubes vão ter que decidir se assinam um compromisso definitivo. E esse acordo tem que ser levado aos Conselhos Deliberativos.
Até porque a ideia inicial era de uma Liga única. Isso já está descartado, pois nove dos clubes estão na Libra e outros dez times associados ao grupo da Liga Forte Futebol. Ou seja, os direitos serão negociados em dois blocos.
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