Rodrigo Mattos

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Não faz sentido cobrar do Flamengo facilitar saída de Pedro

A agressão a Pedro deixou exposto um problema de relacionamento entre ele e o técnico Jorge Sampaoli. Isso não se resolveu com a demissão do preparador físico Pablo Fernandez, nem com as punições ao atleta.

Primeiro, deixemos claro que Pedro em nenhum momento disse ao Flamengo que queria sair do clube. Mas é natural, sim, que a relação conflituosa entre o jogador e técnico deixe em aberto uma possibilidade de saída. Neste domingo, deve jogar diante do Cuiabá.

A questão é que, neste cenário, começa uma onda de se defender que o Flamengo tem que ceder para uma saída amigável de Pedro. A tese tem sido difundida por alguns jornalistas por entenderem que a questão do ambiente acaba pesado.

Ora, Pedro é um jogador importante para o clube tecnicamente com gols e minutos em campo. E, além disso, é provavelmente o principal ativo para vendas do Flamengo. A primeira abordagem após o conflito foi do Benfica para tentar compra por 18 milhões de euros, segundo apuração do "Globo Esporte".

Seu contrato se estende até 2027, após renovações e incremento salarial. O investimento do clube para trazer Pedro foi de 14 milhões de euros em direitos que ainda estão sendo pagos.

Não há caso de time de futebol no mundo que vá abrir mão de um jogador assim facilitando a saída porque houve um problema de relacionamento. É só olhar quantas vezes Neymar tentou sair do PSG e foi barrado ou Mbappé no mesmo clube. É o caso de outros atletas importantes.

O polonês Lewandovski, por exemplo, queria sair do Bayern Munique para o Barcelona. O clube alemão foi duro nas negociações e só o liberou com o pagamento de 45 milhões de euros.

Se a relação entre Pedro e Sampaoli não melhorar, é possível que o jogador queira procurar outro lugar para trabalhar, para jogar. Mas, para isso, terá de haver uma compensação ao Flamengo do tamanho do ativo que ele representa. A própria proposta do Al Hilal, que também não encantou Pedro, era bem desvantajosa para o clube.

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, diz que ele só sairia para o Benfica com o depósito da multa, indicando que não há interesse em negocia-lo. Mesmo assim, sempre pode aparecer uma proposta que interesse ao clube, dificilmente um atleta sai pelo valor da multa. De resto, segue o contrato e, por isso, o cenário era de permanência.

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Digamos que, olhando para o cenário mais amplo, Pedro não será a única pessoa no mundo a trabalhar em uma situação em que não esteja satisfeito. Boa parte da população, provavelmente a maioria, trabalha em condições que não lhe agradam totalmente ou parcialmente, mas cumprem os deveres que são necessários para viver. Se der para mudar, ótimo. Se não der, toca-se a vida.

Defender que sua saída deve ser facilitada pelo Flamengo é, no final das contas, apoiar que a diretoria adote uma atitude em prejuízo do clube. Não dá para apoiar essa ideia e, depois, ir cobrar profissionalismo na gestão de clubes.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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