Fluminense surpreende com 'novo Dinizismo' e ensina Fla a furar retranca
A escalação do Fluminense para as quartas-de-final da Libertadores não deixava dúvidas: seria um time ofensivo. Só um volante clássico, dois atacantes de área, dois pontas. A surpresa foi como o time tricolor atacou a retranca do Olimpia, um estilo diferente do que se convencionou chamar de Dinizismo (se é que isso existe). Talvez esteja surgindo o novo Dinizismo, com grandes variações.
O clássico jogo do técnico tricolor (e da seleção) sempre foi de aproximação e toques com vários jogadores em um mesmo setor. A ausência de posições fixas para envolver o rival era uma marca.
É verdade que, durante a temporada de 2023, Diniz já tinha de uma certa forma flexibilizando a sua flexibilidade, com o perdão do jogo de palavras. E adotava Keno e Arias como pontas. Mas os melhores momentos do ano, como o jogo com o River Plate, ainda foram nos toques e aproximação.
Mas, diante do Olimpia, o que se viu foram jogadores com posições bem mais fixas. Arias estava aberto na direita, e Keno na esquerda. John Kennedy e Cano se alinhavam e dividiam a área. Quando o Fluminense atacava, os laterais Samuel Xavier e Diogo Barbosa se posicionavam como meias.
Havia às vezes seis jogadores na linha ofensiva do Fluminense forçando a pressão sobre os cinco da defesa do Olimpia.
De certa forma, foi o que o Flamengo também tentou diante do mesmo time paraguaio, no jogo de ida no Maracanã nas oitavas, ao forçar a linha de defesa rival. Porém, o time tricolor mostrou ideias bem mais claras e eficazes de como faze-lo.
Primeiro, havia mais gente na área com os dois centroavantes. As jogadas que partiam da laterais com Keno e Arias, ambos em noites iluminadas, dificultavam a vida da zaga rebatedora do Olimpia. O time paraguaio tentou apelar à cera, a travar o jogo, mas só retardou suas complicações.
Segundo, o Fluminense era bem mais veloz nas trocas de bola, e nos passes que vinham de trás. Ganso e André contribuíam bastante para esse fator, jogando como armadoras atrás dessa linha ofensiva, e também os zagueiros.
O gol de André, quase no final do 1o tempo, saiu justamente da jogada pela esquerda forte com Keno, em noite de dribles. O tento já estava maduro, o Fluminense meteu quatro bolas em direção ao gol. Tinha o domínio da bola, fato, mas especialmente era incisivo.
E Diniz não parou por aí. Com a saída de Felipe Mello, optou pelo volante Martinelli. Ou seja, André foi jogar de zagueiro. Foi recompensado quase de imediato com o segundo gol, de Cano.
Com dois gols, o Olimpia teve que flexibilizar um pouco sua retranca. Arce passou a ter uma linha de quatro defensores e foi pressionar o Fluminense na marcação mais à rente, sempre recorrendo as bolas aéreas.
Foi o momento do Fluminense recorrer ao seu toque de bola para evitar uma reação. E, sim, houve momentos do tradicional futebol dos times de Diniz com aproximação e flexibilidade. Até houve as saídas arriscadas com toque técnicos dentro da área para superar a pressão do Olimpia.
Mas o time sempre manteve a estrutura proposta por seu técnico. Não foi certamente um time de uma nota só. O que não faltou ao tricolor nesta noite foi repertório. É um bom sinal para o Flu, e também para a seleção.
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