Rodrigo Mattos

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Como derrota certa da América do Sul leva a acordo de Copa em 3 continentes

A articulação para realizar jogos na Copa-2030 em três continentes ocorreu diante da iminente derrota da candidatura da América do Sul na disputa. A negociação transcorreu durante meses na cúpula da Fifa para dar uma espécie de prêmio de consolação a Argentina, Uruguai e Paraguai.

A Conmebol lançou a candidatura dos três países para a Copa-2030 para marcar os cem anos do primeiro Mundial, realizado no Uruguai. Mas havia a concorrência da candidatura de Espanha, Portugal e Marrocos.

A Uefa tem 55 membros, e a CAF (Confederação Africana de Futebol), 54. Ambos tinham acordo para votar em bloco nas suas candidaturas. Seriam 109 votos em um total de 211: já garantia a vitória.

A Conmebol tinha garantidos dez votos e um apoio da Concacaf que não era tão garantido.

Diante desse cenário, foi costurado um acordo nos últimos meses envolvendo conversas principalmente entre Alejandro Dominguez, da Conmebol, Aleksander Ceferin, da Uefa, e Gianni Infantino, da Fifa.

Dominguez sabia das dificuldades políticas e financeiras. Apesar da candidatura proposta, Argentina, Paraguai e Uruguai teriam problemas para bancar os investimentos necessários para fazer o Mundial. O próprio presidente da AFA, Chiqui Tapia, admitiu isso em entrevista coletiva.

Para Infantino, interessava agradar todas as partes e melhorar sua relação com Dominguez, que vinha sendo turbulenta. Além disso, Ceferin, ao contrário, tem uma aliança com o presidente da Conmebol.

Ao mesmo tempo, Infantino articulou com as outras confederações para obter o apoio integral para a medida. A Ásia e a Oceania ficam com a exclusividade para o Mundial de 2034, que deve ter como candidatos Arábia Saudita e Austrália. E a Concacaf já receberá o próximo, em 2026.

O acordo foi fechado há um tempo, bem antes da reunião do Conselho da Fifa. Foram apenas alinhados os detalhes em conversa entre as partes antes do encontro da cúpula da Fifa. A votação se tornou apenas uma formalidade.

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A Conmebol pôde apresentar a notícia em uma entrevista coletiva antes do anúncio da Fifa. Ou seja, pôde anunciar o acordo como uma vitória por obter os três primeiros jogos. Só depois a Fifa divulgou de fato a sede da Copa como sendo Espanha, Portugal e Marrocos, com essas partidas iniciais na América do Sul. Três continentes e um mega acordo de bastidor.

Reportagem

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