Rodrigo Mattos

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Como o Flamengo seduziu Tite e fez o técnico mudar de ideia

O namoro do Flamengo com Tite durou entre 15 e 20 dias, demandou convencimento sobre carreira, montagem de time e família. E teve como capítulo final um complicado acordo financeiro.

Sua conclusão com acerto entre as partes ocorreu neste domingo em um encontro final entre o vice-presidente de Futebol, Marcos Braz, e o agente do treinador, Gilmar Veloz. O clube prevê anunciar o treinador nesta segunda-feira.

Antes da final da Copa do Brasil, no dia 24 de setembro, a diretoria do Flamengo tinha decidido que a garantia de Jorge Sampaoli no cargo só se confirmaria com o título.

Cientes disso, dirigentes rubro-negros sondaram a situação de Tite como prevenção, a depender do desfecho do jogo. Foi apenas uma aproximação inicial, sem grande efeito. Não era a primeira vez que o clube consultava o treinador para saber se havia possibilidade de assumir o cargo, mas foi a primeira vez que recebeu um sinal de que havia chance de sucesso.

Com a perda do título, o Flamengo se decidiu pela demissão de Sampaoli e estabeleceu Tite como foco prioritário. No meio do caminho, o Corinthians demitiu Vanderlei Luxemburgo e deu um all in para contratar o técnico, na visão de dirigentes rubro-negros.

A estratégia do clube carioca foi apostar nos contatos iniciais como vantagem na negociação. O time alvinegro foi em Mano Menezes, o Flamengo demitiu Sampaoli quatro dias após a decisão. Agora, restava convencer o técnico.

Com as conversas iniciais, a diretoria rubro-negra enfrentava dois obstáculos: 1) Tite não queria trabalhar em 2023 como prometera em entrevistas; 2) Sua família não queria que trabalhasse no Brasil - havia propostas dos EUA e do Oriente Médio.

O argumento do Flamengo - que foi articulado pelo vice Marcos Braz - era a possibilidade de triunfos que daria para o treinador e também de trabalhar um projeto para 2024. Em meio a vários encontros com Veloz, Braz encontrou-se uma vez com Tite pessoalmente. Ele sinalizou que superava os dois obstáculos e aceitaria trabalhar no Flamengo. Faltava o acerto financeiro.

Desde o início, no Flamengo, sabia-se que Tite seria um técnico com salário de padrão europeu, embora seja brasileiro. Estabelecer um parâmetro e as premiações é que foram alvo de negociação.

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Ao final, Tite não será o treinador mais caro da história do Flamengo. Esse posto continua com Jorge Jesus, que chegou a ter o último contrato com 4 milhões de euros por ano. Embora não tenha sido possível saber o valor exato, o treinador está no patamar de europeus que estiveram no clube.

Na conversa com Tite, o Flamengo deixou claro sua autonomia para condução da montagem do elenco para 2024. Sim, há nomes que o clube quer manter de qualquer maneira, caso de Bruno Henrique. Mas a maioria estará submetido ao escrutínio do treinador.

O departamento de futebol pretende trabalhar bem próximo de Tite para entender quais suas intenções para essa reestruturação do Flamengo. Há, no clube, uma sensação de que foi dado um primeiro passo vital com a contratação do treinador.

Reportagem

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