Flamengo repete roteiro pouco competitivo e pulveriza ilusão no Brasileiro
Na temporada de 2023, o Flamengo perdeu seis oportunidades de ganhar uma taça. Há um elemento em comum nelas: jogos em que o time se mostrou pouco competitivo em momentos cruciais. Isso se repetiu na partida decisiva diante do Atlético-MG pelo Brasileiro.
É preciso ressaltar que não se fala aqui de vontade de ganhar ou de raça. Mas, sim, de um time que por motivos físicos, táticos e individuais têm dificuldade de negar espaços ao adversário e de disputar bolas.
Curiosamente, o início do trabalho de Tite, que tem muito mais pontos positivos do que negativos, é marcado justamente por recuperar em parte essa competitividade no Flamengo. Armou uma equipe para se defender com os dez atletas atrás da linha da bola quando não a tem, buscou jogadores mais frescos como Luiz Araújo e Cebolinha.
Mas, após conseguir abrir uma brecha para disputa de título por bons resultados, o treinador decidiu mudar a formação. Optou por tirar Luiz Araújo e botar Bruno Henrique já na partida contra o América-MG, o que se repetiu diante do Galo no Maracanã.
Aliado a isso, o Flamengo não tinha o seu jogador mais essencial na temporada, Pulgar, substituído por um Thiago Maia que tem comprovado a incapacidade de atuar no alto nível que se exige no time rubro-negro. Não se posiciona corretamente para marcar, tem medo do jogo quando tem a bola. Para completar, Gerson vivia noite modorrenta.
Estava completo o cenário para um Flamengo que assistiu ao Galo tocar a bola no primeiro tempo no Maracanã por longos minutos sem ser capaz de recuperar a bola. Isso depois de abrir o placar em uma bola em que Hulk, sozinho no meio, dá belíssimo passe para a infiltração e o gol de Paulinho.
Após o abraço antes do jogo, Felipão impunha a Tite o seu estilo de jogo com facilidade. Era superior no meio-campo, mais estável na defesa e bem mais rápido na transição para os contra-ataques, que passou a aproveitar após a vantagem no placar. Não é o líder do returno à toa, tendo enfiado dois sacodes em postulantes ao título como Grêmio e Flamengo. Há muitos méritos em seu trabalho.
É verdade que o Flamengo teve mais posse e até mais conclusões a gol (19 x 11). Duas defesas de Everson, de fato, tiveram peso no jogo. Mas nunca foi um time que sufocasse o Galo, e as chances atleticanas foram bem mais claras.
Logo no início do segundo tempo, sai o segundo gol mineiro. Erro de passe de Wesley (a dispersão) e, com a bola passando por apenas três jogadores, o Galo estava na cara do gol com Edenílson. O roteiro se repetiu no último tento de Rubens.
O números do jogo do Sofascore mostram que o Galo teve 16 interceptações contra sete do Flamengo. Era nítido como os atleticanos se antecipavam as jogadas e, por isso, tinham espaço e vantagem para jogar.
Ao Flamengo, restava os passes lentos e para trás de Thiago Maia para iniciar o jogo, ou as conduções truncadas de Gerson. Depois das trocas, sobravam chuveirinhos que, curiosamente, jogadores como Arrascaeta não tinham sequer força para coloca-los na área com a altura necessária para um cabeceio.
Foi um roteiro repetido, com algumas variações para preservar alguma emoção, do que se viu na Supercopa, Mundial, Recopa, Estadual, Libertadores e Copa do Brasil. Apesar de cometer erros nos últimos dois jogos. Tite foi mais passageiro da história do que condutor. Assistiu ao lado do campo um time que ensaia bons jogos, mostra algum talento e se mostra incapaz de se elevar ao nível de competição necessário nos momentos decisivos. Seu desafio para 2024 não é pequeno.
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