Negociação de TV da Série A tem impacto de guerra da CBF e debate de blocão
A Libra e a Globo negociam desde o meio do ano passado um acordo para venda dos direitos de TV do Brasileiro a partir de 2025. Mas, no meio do caminho, dois fatores impactaram nas conversas: a guerra política na CBF, com queda e volta de Ednaldo Rodrigues, e o debate sobre um blocão de clubes.
A Libra é o grupo de clubes formado por Flamengo, Corinthians, Santos, Palmeiras, São Paulo, Red Bull Bragantino, Grêmio, Bahia, Atlético-MG e Vitória, sendo nove deles na Série A.
O grupo aproximava-se de uma acordo com a Globo pela venda dos direitos de TV Aberta, TV Fechada e pay-per-view por um valor pouco superior a R$ 1,3 bilhão no final do ano passado. Seria um pacote com quatro jogos por rodada em média, aqueles em que os times da Libra fossem mandantes. A emissora, que sempre preferiu um acordo coletivo de todos os clubes, ainda via pontos a discutir e a negociação se prolongou.
No meio do caminho, houve a guerra política na CBF com ação judicial que tirou o presidente Ednaldo Rodrigues em dezembro. A Justiça chegou a marcar uma eleição em que duas correntes se dividiram, Flávio Zveiter, fundador da Libra, de um lado, e Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, do outro. Ambos seriam candidatos.
Uma ação no Supremo Tribunal Federal gerou a decisão de restituir Ednaldo ao cargo. Mas a divisão política se manteve e Carneiro, antes apoiador da Libra, passou a questionar o acordo de TV da Libra e defender uma negociação coletiva com todos os clubes, incluindo a Liga Forte Futebol.
Carneiro Bastos tem dito aos clubes paulistas que a proposta da TV é ruim para eles. Na sua versão, eles ganhariam menos do que atualmente, e só o Flamengo seria favorecido. Sua tese é de que tem de haver união com a Liga Forte Futebol. Há conversas entre os dois blocos desde dezembro e houve reuniões na semana passada. Fontes dos dois lados, no entanto, dizem que um acordo ainda está longe.
Na Libra, alguns membros entendem que Carneiro Bastos está agindo como retaliação a Zveiter por conta da briga na CBF. A avaliação de pelo menos três fontes é de que ele só atuou contra em relação a negociação entre Libra e Globo após a disputa política. O Flamengo também já percebeu o movimento do dirigente paulista.
Interlocutores do dirigente da FPF negam que exista motivação política e dizem que ele só busca o melhor acordo financeiro, e que não há boicote à Libra nem intenção de tirar os clubes da associação.
A FPF tem como parceira comercial a Live Mode, que é a empresa que representa os clubes da Liga Forte Futebol.
Ainda não está clara a reação dos grandes paulistas que são sempre alinhados à FPF e, ao mesmo tempo, têm se mantido fiéis à Libra. Esse quadro pode ser conhecido nessa semana.
Globo e Libra trabalham por um formato final da proposta para compra dos direitos do Brasileiro de 2025. A ideia é que as condições sejam apresentadas na quarta-feira em reunião do Comitê dos clubes da Libra. Ou seja, os dirigentes poderiam avaliar a proposta e aprová-la ou não. Uma alternativa seria esperar para tentar um acordo entre ligas.
A Globo conversa com os dois lados enquanto observa o movimento dos clubes por um possível mega bloco.
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