Rodrigo Mattos

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Arbitragem caótica de Flu x Vasco mostra que clubes só pioram problema

Em 6 de fevereiro, representantes de Vasco e Fluminense fizeram um acordo para que Bruno Mota Correia fosse o árbitro do clássico, Carlos Eduardo Braga comandaria o VAR. Trata-se de um procedimento feito pela Ferj que dá aos times grandes a prerrogativa no Carioca de escolher os juízes no confronto entre eles.

Em 14 de fevereiro, ao final do clássico, o tricolor André e o vascaíno Vegetti reclamaram do árbitro. O volante falou que a arbitragem esteve e noite infeliz, Vegetti falou que o juiz não estava à altura do Carioca. Ambos tinham razão.

Bruno Mota Correia deixou de dar pênaltis, prendeu-se a detalhismo em contatos normais, perdeu o controle disciplinar da partida. E, no final, inviabilizou a partida lá pelo meio do segundo tempo.

O VAR viu tudo isso aí e dormiu nos lances em que deveria interferir como dois pênaltis. Houve uma mão de Medel na área e um empurrão de Ganso em Vegetti na outra área. O momento em que o VAR acordou foi para indicar um possível pênalti de Cano em bola na mão que pareceu junto ao corpo.

A imagem de um impedimento de David, na linha do meio-campo, pode até estar certa porque é esse o ângulo usado nos escanteios e há a ilusão de ótica. Mas, para o torcedor, fica difícil chegar a uma conclusão.

É verdade que os jogadores dos dois times não ajudaram o andamento da partida. Extremamente nervosos, forçaram contatos, se jogavam teatralmente na área. Houve uma influência, óbvio, da insegurança gerada pela arbitragem.

Esse caos chegou ao seu ápice em lance de bola parada do Vasco. Por duas vezes, houve confrontos entre jogadores dos dois lados, com empurrões. De início, normais. Até que André, que deveria ser expulso, jogou um rival no chão.

Dali, saiu empurrões para todos os lados, uma confusão. Bruno Correia deu dois vermelhos aleatórios para Medel e Thiago Santos - Fernando Diniz já tinha sido expulso antes. Foram 11 cartões no total.

De saldo, a arbitragem e essa atitude dos jogadores estragaram um jogo que tinha até uns elementos interessantes no confronto de toque de bola do Fluminense, pouco incisivo, com o jogo físico e de velocidade do Vasco.

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A experiência da Ferj de dar aos clubes grandes a possibilidade de acordo no árbitro dos clássicos mostra que a contribuição deles só piora o problema. Além de gerar um problema de desigualdade já que outros times do campeonato não têm a mesma prerrogativa. Dá para dizer que o Vasco, durante o campeonato, sofreu mais com erros de árbitros.

O diagnóstico da interferência dos clubes danosa se estende as pressões antes e depois de clássicos, como se viu em Santos e São Paulo. Uma nota santista criticou a escolha da arbitragem antes, a diretoria são-paulina contra-atacou após a partida.

Serve de lição para o circo de pressão que se vê no Brasileiro a cada rodada. Não é na interferência no varejo que os clubes vão resolver o problema da arbitragem no Brasil. Só um trabalho extenso de estruturação da arbitragem vai mudar o quadro atual.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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