Rodrigo Mattos

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Pragmatismo de Tite obriga torcida do Flamengo a esquecer estilo frenético

Com vantagem de dois gols, o Flamengo entrou com uma postura mais cautelosa na segunda semifinal diante do Fluminense. Não por acaso o time teve menos posse de bola e menos finalizações. Mas a impressão é de que conduziu o jogo da forma que Tite queria: negou chances reais ao Tricolor e esteve mais perto de vencer no contra-ataque.

É, portanto, inegável que a estratégia do treinador rubro-negro foi elaborada corretamente e saiu-se bem-sucedida.

Dito isso, foi um plano que vai contra o que é a natureza do Flamengo e de sua torcida. Trata-se de um time historicamente focado no ataque frenético, ousado, que faz do risco seu amigo.

A torcida do Flamengo espera esse tipo de comportamento. Até os times ruins rubro-negros em sua história tinham por obrigação tentar se impor, atacar como loucos sem pensar no amanhã (ou no contra-ataque). E o clube ganhou muito assim, e perdeu um tanto também.

Mas esse não é o jeito de Tite pensar o futebol e, obviamente, só faz algum sentido ele implantar a sua ideia. Não é que seja um técnico retranqueiro. Esse adjetivo não é válido para o treinador pelo menos desde 2015 quando se reinventou com o Corinthians campeão Brasileiro. A sua seleção brasileira também era ofensiva.

Mas Tite prioriza o equilíbrio entre defesa e ataque de forma pragmático, por entender ser a forma mais eficiente de vencer. Quando seus times têm vantagem, não se incomoda de abrir mão da pressão e marcar atrás da linha da bola. Até porque sabe fazer isso de forma eficiente: o Flamengo não tomou gols com titulares no Carioca.

Nas semis do Fla-Flu, o time de Fernando Diniz conseguiu apenas uma conclusão na direção ao gol no segundo jogo. No primeiro, nenhuma. Houve ali uma bola de Renato Augusto na área, e outro chute de longe na trave no último sábado. De resto, o Fluminense rondava sem conseguir ameaçar de fato.

O Flamengo esteve sempre mais perto do gol, apesar de Diniz pensar o contrário como se expressou em entrevista coletiva. O time rubro-negro estava armado para esticar a bola longa em Pedro ou Cebolinha pela ponta esquerda. O problema é que Rossi e Fabrício Bruno erravam essas bolas.

Quando o goleiro acertou, a bola chegou em Arrascaeta e no gol de Pedro, anulado pelo VAR por uma suposta falta no início da rodada. Não era lance para VAR por ser um lance interpretativo e que, no campo, o árbitro Wagner Magalhães decidira por seguir o jogo. Mas, sob o ponto de vista de desempenho, isso não muda o fato de que foram erros de execução que impediram a vitória, não de plano.

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Ao final, o torcedor rubro-negro obviamente estava satisfeito por bater o rival. Mas havia uma sensação de estranhamento no ar no Maracanã de porquê o time não tentou massacrar o Fluminense de novo como na primeira partida (o calor extremo do Rio de Janeiro no estádio pode ter sido um fator na escolha de estratégia de Tite).

Fora do Maracanã, um grupo pequeno de torcedores cantava: “Flamengo não toma gol”. O grito não parece se alastrou pelo menos ali naquele momento. O torcedor rubro-negro ainda está em período de adaptação ao "jeito Tite".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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