Flamengo reduz em 89% sua dívida histórica de R$ 1,5 bi em 11 anos
O anúncio do balanço do Flamengo de 2023 gerou uma reflexão sobre o tamanho da virada financeira do clube desde 2013, quando vivia uma situação caótica. Isso porque a dívida do clube, antes explosiva, se tornou pequena perto da riqueza atual rubro-negra.
Esses são fatos. Mas vieram acompanhados de uma leitura equivocada dos números financeiros. A redução da dívida rubro-negra é uma revolução e é preciso dimensionar corretamente o que aconteceu no clube.
Primeiro, tentemos entender quanto o Flamengo devia no início da primeira gestão de Eduardo Bandeira de Mello - juntamente com membros da atual diretoria. Em uma entrevista emblemática, no início de 2013, ele falou em R$ 750 milhões de dívida.
O balanço de 2012 do Flamengo - revisado já pela "nova diretoria" - mostrava um número ainda maior R$ 803,7 milhões. Esse valor nem foi o final porque houve diversos esqueletos encontrados nas contas depois. Mas é o montante que podemos trabalhar: representaria R$ 1,5 bilhão em valores de hoje (isto é, corrigidos pelo índice de inflação do IPCA).
Pois bem, e qual o valor da dívida atual do Flamengo registrado no balanço de 2023? A diretoria apresentou em seu documento financeiro o número de R$ 48 milhões para a dívida operacional líquida (que considera só as dívidas operacionais e o que há em caixa). É um parâmetro de mercado, usado para demonstrar a saúde financeira de uma empresa. Só que esse critério é bem diferente do adotado naquele ano de 2013.
Por quê? Membros da atual diretoria do Flamengo que estavam naquele ano explicam que a zona das contas rubro-negras da época não permitia o cálculo da dívida operacional líquida. Sequer era possível ter certeza de um número do débito bruto era real diante de tantas pontas soltas no clube.
Então, para uma comparação justa, é preciso calcular a dívida líquida atual. Esse cálculo é feito com o todo o passivo (dívidas de curto e longo prazo, menos dinheiro que o clube tem a receber). Pois bem, esse valor para 2023 é de R$ 167 milhões.
Na prática, comparando os dois números, o Flamengo saiu de uma dívida líquida de R$ 1,5 bilhão para R$ 167 milhão. Ou seja, houve uma redução do débito de 89% durante o período de 11 anos das gestões Eduardo Bandeira de Mello e Rodolfo Landim.
No mesmo espaço de tempo, a receita saltou de R$ 517 milhões (valor de 2012 corrigido pela inflação) para R$ 1,374 bilhão em 2023. Assim, houve um aumento de 165% na arrecadação do clube no período de 11 anos, crescimento este que acelerou na gestão de Landim. A relação entre dívida e receita é de 0,12 atualmente, enquanto, em 2013, era de 3 (o débito era o triplo da receita).
Por último, em 2013, quando a então chapa azul assumiu o Flamengo, houve uma cena emblemática da situação do clube: um dia apareceu um pedido de bicho sendo cobrado na contabilidade do clube. Exigia-se o pagamento. O pedido estava escrito em um papel de caderno. Não foi pago.
Ao final de 2023, o Flamengo tem R$ 234 milhões em caixa.
É justo mencionar que neste período o Flamengo teve três vice-presidentes de Finanças: Rodrigo Tostes (no início e agora), Cláudio Pracowinick e Wallim Vascontelos.
Após a publicação do post, o economista Cësar Graffieti, especialista em finanças de futebol, questionou o critério de usar a correção da dívida histórica pela inflação. No seu entendimento, é um critério incorreto porque deveria se levar em conta juros, correção, que de fato reajustariam a dívida. Aqui vai seu contraponto após um pedido que ele gentilmente atendeu:
"Então, dívida não se corrige. Se você tomar uma dívida de 100 hoje para pagar em 5 anos, ao final do período terá pago 100. O custo disso será juros e correção monetária.
Logo, se o Flamengo devia 800 milhões, pagou 800 milhões, mais juros, correção, e deduzido dos perdões de juros e correções do período.
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Quero receberPara fazer a conta de relevância dessa dívida, pode se comparar com a receita da época, sem correção. Ou, menos comum, comparar com a receita da época corrigida."
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