Rodrigo Mattos

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Pobre, Flamengo x Palmeiras explica potencial desperdiçado do Brasileiro

Dominantes no futebol brasileiro nos últimos anos, Palmeiras e Flamengo fizeram um duelo paupérrimo no Allianz Parque. E a falta de qualidade do espetáculo tem muito a ver com os problemas enfrentados pelo futebol nacional fora de campo, e também com as escolhas dos técnicos diante deste cenário.

Primeiro, estamos apenas na 3ª rodada do Brasileiro e já vivemos um cenário de desgaste e jogadores poupados em todos os times. Para esse confronto, Flamengo deixou de fora De la Cruz e Pedro. Jogadores, aliás, que causaram impacto ao entrarem e tornaram o time superior durante boa parte do segundo tempo.

É consequência direta do calendário com três meses para Estaduais cada vez mais inexplicáveis no formato atual.

Segundo, há o fator de que o futebol não é total prioridade em determinadas arenas. O campo do Allianz Parque estava longe do estágio ideal, cheio de marcas marrons, logo após um show recente.

No fundo do campo, uma imagem bizarra de um palco coberto por um pano verde e, por isso, menos de 30 mil pessoas presentes em um jogo nobre. Um estádio belo reduzido a uma imagem pobre na TV. Como que alguém espera vender o futebol brasileiro no exterior desse jeito? Quem iria comprar essa embalagem?

O nível do campo sintético, pelo que se viu da bola rolando, era razoável.

Terceiro, a opção dos dois técnicos Abel Ferreira e Tite por uma cautela exagerada. É fato que esse terceiro fator tem a ver com o primeiro.

Abel escalou o Palmeiras, mais uma vez, para anular o Flamengo. E para tentar ganhar nos seus pontos fortes. Retomadas de bolas com marcação pressão e bolas aéreas. Tanto que optou por três zagueiros e dois volantes. Sim, é possível jogar ofensivo assim, mas o Alviverde era mais reativo do que propunha o jogo.

Do seu lado, Tite decidiu também priorizar a competição como um todo, isto é, poupar atletas principais e manter uma segurança defensiva. Havia os dois volantes, Allan e Pulgar, corretamente escalados para proteger a área. Mas o time avançava pouco a marcação, triangulava menos ainda. Era um time travado.

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Como consequência, as duas principais equipes do país protagonizaram um confronto em que houve apenas 19 conclusões, sendo que apenas quatro na direção do gol. Em compensação, houve 37 faltas.

Quarto, o Brasileiro tem uma arbitragem que é muito punitiva com pequenas indisciplinas, mas bastante condescendente com o rodízio de faltas. O Palmeiras fez 23 faltas, boa parte delas táticas para parar contra-ataque. O árbitro Rodrigo José Pereira de Lima deu nove amarelos, sendo que parte deles foi para empurrões inúteis como os de Bruno Henrique e Weverton. Parar o jogo estava quase liberado.

O juiz, diga-se, não é um mau árbitro: apresenta-se como razoável da nova geração. Mas isso é um vício da arbitragem nacional que afeta o ritmo do jogo.

Um detalhe aqui para Endrick que parece ter ganhado uma espécie de imunidade da arbitragem por ser considerado (com justiça) garoto prodígio nacional. Tem entrado duríssimo em adversários e passado incólume de cartões.

Quinto, há um hábito nacional de valorizar muito o que ocorre fora do jogo, mais do que na partida em si. Aqui mesmo nesta coluna comentei sobre a fala de Abel Ferreira sobre o dinheiro do Flamengo. Ele voltou a comentar do assunto após o jogo, elogiou Leila Pereira no confronto de Rodolfo Landim fora do campo. Parece que, ao jogar em casa, está tudo bem nunca ter ganho do Flamengo no Allianz Parque desde que Abel está no comando já que o time atua de forma cautelosa.

Por sorte, não houve um erro grande de arbitragem e ninguém precisou recorrer à muleta do campeonato manchado.

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Sexto, um torcedor ou mais de um do Palmeiras cuspiram em Tite de acordo com seu relato. É de uma falta de educação e civilidade que demonstram como o futebol brasileiro se tornou um campo para grosseria e desrespeito com o rival.

Fora do estádio, a torcida do Flamengo (a não organizada) relata que a PM a abandonou a própria sorte sem protege-la na saída de cercos de organizada alviverde. É uma atitude irresponsável da PM. Uma torcedora do Palmeiras já morreu justamente após uma falha da polícia ao não separar no entorno do Alliazn. Aí a PM comete a mesmíssimo erro, logo no ano seguinte, parece algo deliberado para força uma torcida única ou é muita incompetência.

Se pegarmos todos esses fatores, somados, seria possível consertá-los ou tentar resolvê-los sem grandes investimentos. A nossa maior diferença é também financeira, mas é muito mais de falta de vontade política de atacar problemas estruturais, de todos, da CBF, dos clubes, jogadores, dos árbitros, dos gandulas, dos jornalistas, da polícia. Houve alguma evolução nos últimos anos, fato.

Mas seguimos rastejando nesse ambiente em que sobram incoerências e falta bola.

Opinião

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