Rodrigo Mattos

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Como Prefeitura do Rio ajuda estádio do Fla com desapropriação de terreno

O Flamengo tem negociado com a Caixa Econômica Federal o valor do terreno do Gasômetro para construir seu estádio. Havia otimismo de acordo na cúpula rubro-negra nos últimos dias. No meio do caminho, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ameaça desapropriar o local e depois revendê-lo ao clube para viabilizar o terreno.

Essa intervenção do político deve tornar a construção do estádio rubro-negro mais barata, independentemente da forma como o Flamengo venha a adquirir o terreno.

A negociação de Flamengo e Caixa tinha um claro entrave no preço do terreno do Gasômetro, no centro do Rio. O clube queria pagar algo próximo de R$ 200 milhões a 250 milhões, e a Caixa exigia um montante mais próximo de R$ 500 milhões. O banco ainda estudava negociar a área para outros projetos vistos como potencialmente mais rentáveis.

Nas últimas duas semanas, a diretoria rubro-negra ficou mais otimista em contatos recentes com a Caixa. Mas a questão do preço - que pode ser definido essa semana - continuava indefinida.

Até que, em jantar na segunda-feira, Eduardo Paes ameaçou desapropriar o terreno. Isso pode ser feito porque a área é privada e pertencente a um fundo gerido pela Caixa, não ao banco público. Uma parte do terreno já foi desapropriada para construção do terminal Gentileza.

"Seria feita a desapropriação com uma cessão ou revenda posterior ao Flamengo. Pode envolver o potencial construtivo a ser gerado da Gávea. Pode vender pelo mesmo valor (da desapropriação)", explicou o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), que está envolvido no projeto e analisou possíveis caminhos.

O potencial construtivo da Gávea é um projeto paralelo que pode gerar R$ 500 milhões ao clube para a construção do estádio. Pode ser usado na compra do terreno ou para poder subir a arena e seus andares. O projeto depende de aprovação da prefeitura e da Câmara dos Vereadores.

Segundo Pedro Paulo, a Caixa tem visto o projeto do estádio só pelo ponto de visto financeiro, sem analisar o potencial de desenvolvimento da cidade. Atua como banco privado. Por isso, ele e o prefeito do Rio montaram a estratégia da possível desapropriação.

"O prefeito fez o anúncio porque a Caixa está funcionando como banco privado: querendo maior dinheiro possível. Recado foi dado de que há essa alternativa", disse Pedro Paulo.

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Há dois caminhos a partir daí: 1) A Caixa abaixa o preço na negociação com o Flamengo; 2) A prefeitura faz a desapropriação.

O preço pago pela Prefeitura do Rio no Terminal Gentileza foi de R$ 1.200 por metro quadrado. O terreno pretendido pelo Flamengo tem 103 mil metros, inclui a área do fundo de 87 mil m² e outra anexa. Com isso, o valor chegaria a em torno de R$ 120 milhões se o clube pagasse o valor gasto pela prefeitura.

O Flamengo topava inclusive pagar o valor pedido pela Caixa pelo terreno do terminal Gentileza, que ficava entre R$ 200 milhões e 250 milhões. O fundo gerido pela Caixa está na Justiça para aumentar o ganho com a desapropriação.

A compra do terreno é o ponto fundamental para o projeto do estádio do Flamengo se tornar concreto. A partir daí, o clube terá de financiar um custo entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões, valor estimado para viabilizar a arena, incluindo a compra do terreno.

O projeto é de um estádio entre 75 mil e 80 mil pessoas, maior do que o Maracanã.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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