Como La Liga cresce ao recuperar status com estrelas como Mbappé e Vini Jr
O anúncio da contratação de Mbappé pelo Real Madrid foi acompanhado de perto pela cúpula de La Liga. O presidente da Liga, Javier Tebas, sabia da operação e a festejou. Não por acaso: a transação faz o campeonato espanhol recuperar o status de ser a casa das estrelas.
No elenco do Real, haverá Mbappé, Bellingham e Vinicius Jr, candidato a melhor do mundo nesta temporada. É praticamente uma reposição, em termos de estrelato, do trio de Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar. Só que com jogadores jovens em ascensão, ainda sem o tamanho da marca dos anteriores.
"Tem o potencial melhor do mundo Vinicius. Tem o potencial segundo melhor que é o Mbappé. E o terceiro que é Bellingham. É a versão do trio Messi, Cristiano e Neymar", contou o advogado Marcos Motta, que participou da operação de transferência de Neymar do Barcelona para o PSG e vê agora um movimento contrário na La Liga.
"Há uma percepção de fortalecimento institucional de La Liga. Quando fizemos o Neymar (a venda), a discussão (na La Liga) era 'tenho Messi, Cristiano e Neymar, mas Cristiano e Messi já estavam mais perto do final da carreira. Quem tenho para monetizar? O Neymar'."
Para o economista César Grafietti, há, de fato, esse efeito de recuperação de casa das estrelas para a La Liga. O impacto econômico existe, mas depende de outras circunstâncias de mercado.
A visão dele é que pode haver um aumento de venda de direitos internacionais nas renovações de contrato, como ocorreu a favor da Ligue 1 após as chegadas de Messi e Neymar para se juntarem a Mbappé.
"Comparando com a Ligue 1, ela valia mais quando o PSG tinha Mbappé, Messi e Neymar, e agora mal teve interesse em direitos de transmissão", analisou.
A La Liga tem atualmente o segundo maior valor obtido com contratos de direitos de TV entre os campeonatos nacionais, logo atrás da Premier League. Sua expansão internacional em mercados como EUA, Brasil e Ásia seguiu os passos dos ingleses.
Mas lembrou que há um risco grande de perda de competitividade com todas as estrelas concentradas em um clube só, no caso o Real Madrid. E isso tem um impacto econômico na atratividade da competição.
"O Real Madrid certamente atrairá ainda mais atenção. Talvez a La Liga explore isso nas suas redes e adicione valores comerciais, mas vai vender Real Madrid, como a Bundesliga vende Bayern (vamos esquecer o acaso dessa temporada), e a Ligue1 vende PSG", disse ele.
Motta também concorda que há um descolamento do Real Madrid, ainda mais com as restrições financeiras do Barcelona. "Grande desafio da La Liga é o balanço competitivo", contou.
Mas, ainda que as estrelas estejam concentradas em um time, entende que isso arrasta outras equipes.
"La Liga se coloca como a segunda melhor liga da Europa. Volta com uma releitura. Sob o ponto de vista de jogadores, todos os jovens jogadores estão jogando na La Liga. Tem plantel para 10 anos. La Liga se torna atrativa para outros jogadores", disse, classificando a La Liga como sexy.
Grafietti faz a ressalva que o time do Real Madrid tem que se encaixar para a coisa andar na parte econômica. E, de novo, lembra que talvez a Champions ganhe mais do que a La Liga se esta tiver um Real Madrid sobrando.
"Para o produto, o ideal é termos interesse diluído entre os clubes, como é na Premier League, como tem sido na Serie A italiana. Fortalece a liga e, consequentemente, os clubes", explicou.
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