Rodrigo Mattos

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Como documentário em série ajudou a reaproximar Romário e Ronaldo

A relação entre Romário e Ronaldo foi retomada com a ajuda da série "Romário, o cara". As falas elogiosas do ex-camisa 9 da seleção a respeito do antigo companheiro no documentário levaram os dois craques a voltarem a se falar, embora não existisse um atrito apenas um distanciamento.

É o que conta o diretor da série, Bruno Maia. Em conversa com o blog, ele descreveu esse e outros bastidores das entrevistas dos principais personagens para o documentário.

A série tem seis episódios e exibição na plataforma HBO Max: ela aborda o início da carreira do ex-camisa 11 da seleção até o título do tetra. Ao falar de Romário, Ronaldo é bastante carinhoso de fato; diz que tentava imitar o seu companheiro na Copa de 1994. Se o Baixinho tivesse um fisioterapeuta, um assessor, Ronaldo queria ter um igual, contou o Fenômeno no documentário.

"A série serviu para a relação entre Romário e Ronaldo ser reatada. Tive a impressão de que eles não estavam se falando. Mas o Ronaldo atendeu ao pedido de entrevista e falou muito bem do Romário. Liguei para o Romário e contei o que ele tinha falado: "Ele falou isso? Do caralho". E a partir daí, falou para a série do Ronaldo e voltou a ser entusiasmado ao falar sobre o ex-companheiro de ataque", contou Bruno.

Se serviu para reatar a relação de velhos conhecidos, a série também transformou Romário em uma espécie de produtor informal para obter entrevistas com figuras proeminentes. Quando havia dificuldade para marcar um encontro, o diretor Bruno Maia pedia ao Baixinho para enviar um vídeo ou uma mensagem para abrir as portas.

Um desses exemplos foi de Roberto Baggio, jogador italiano que foi o protagonista da Copa de 1994 juntamente com Romário. Os dois viveram uma cena emblemática antes da partida final, no Rose Bowl, quando a câmera capta Baggio olhando para o brasileiro, que mira para frente.

A cena é explicada pelos dois nos documentário. Romário demonstra respeito e diz que estava prestando atenção na Copa de Baggio, mas diz que naquela hora só pensava na vitória. E o italiano retribuiu. O contato para a série se deu com um vídeo do Baixinho.

"Estávamos com dificuldade de chegar no Baggio. Fiz um contato com a Letizia Lamartire, diretora da serie ficcional "O Divino Baggio", da Netflix, contei do que estava fazendo para o Romário. Ela se dispôs a me ajudar e me passou um contato direto do empresário do Baggio. Antes de mandarmos a mensagem, pedi ao Romário para gravar um vídeo dele dizendo da admiração que tinha pelo italiano e que uma presença dele seria muito valiosa para nós. Fiz no meu celular mesmo. Daí quando houve o contato, já o fiz enviando o vídeo e aí as coisas avançaram bem", contou Maia, que ficou impressionado com a idolatria que Baggio desperta entre os italianos.

Outro que recebeu um vídeo de Romário foi o técnico do Manchester City, Guardiola. Com uma agenda apertadíssima na temporada, o treinador abriu um espaço para receber a equipe da série no CT do Manchester City em uma Data Fifa.

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"Com o Guardiola, nosso contato foi por meio do seu irmão Pere, que é seu empresário. Em algum momento, consegui o telefone do próprio Guardiola. Mas nunca mandei mensagem para ele. Repassei o contato para o Romário, que interagiu diretamente. Em algum momento que estávamos sem retorno, também chegamos a mandar um vídeo pelo Pere, em que o Romário reforçava o carinho pelo Pep e reforçando a vontade de que o treinador participasse", explicou Bruno Maia, que conta que Guardiola manteve a entrevista mesmo tendo de realizar uma inesperado treino no dia com a volta de alguns jogadores.

O terceiro caso em que Romário também interferiu para viabilizar uma entrevista foi em meio à crise do Barcelona. A equipe da série queria uma entrevista com Ronald Koeman, que jogou com o atacante brasileiro no PSV e no Barcelona. A questão é que o time barcelonista vivia uma crise e era difícil falar com o seu treinador.

"Com o Ronald Koeman foi um problema marcar porque ele era técnico do Barcelona e estava no meio de uma crise. Cheguei na Europa e descobri que a entrevista, na verdade, não tinha sido marcada como tinham me dito. Tentei chegar nele pelo Bakero, mas não passou o telefone. Aí nessa o Romário atuou como produtor. Pedi que ele, então, enviasse, pessoalmente, uma mensagem para o Bakero, conseguisse o telefone do Koeman e, em seguida, falasse direto com o holandês, porque nosso prazo estava muito apertado. Era algo como falar hoje pra gravar em dois, três dias depois. E ele seguiu nossos passos, conseguiu e marcou", disse Maia.

Na negociação, ficou claro que Koeman e Romário se tratavam como amigos mesmo depois de bastante tempo. Depois, a entrevista ocorreu em um dia logo depois de tropeço do Barcelona diante do Granada. Toda a imprensa local estava do lado de fora, enquanto a equipe da série entrou.

"Koeman nos atendeu no meio da crise depois de um empate contra o Granada, no Camp Nou. Toda a imprensa lá fora querendo falar com ele e só nós entramos. Ele não deu entrevista pra ninguém naqueles dias, só pra gente. O assessor do Barcelona só pediu: "Não falem do jogo de ontem". Pouco tempo depois, ele foi demitido", concluiu Maia.

Reportagem

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