Rodrigo Mattos

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Por que novo CEO vê crise do Corinthians menos grave do que Flamengo-2013

Ao assumir o Corinthians, o novo CEO Fred Luz comparou a crise financeira do clube com a enfrentada no Flamengo, onde também ocupou o cargo. Sua visão é de que a situação do clube rubro-negro, em 2013, era pior do que a atual do Alvinegro paulista.

A frase de Luz foi a seguinte: "Acredito que o Corinthians tem o potencial para liderar o futebol brasileiro e vamos ter um trabalho árduo nesse sentido, mas estou muito animado com essas possibilidades. A situação relativa do Corinthians com relação ao Flamengo daquela época é muito melhor".

Mas por que ele tem esse entendimento se o buraco nas contas do clube de Parque São Jorge é grave? Vejamos ponto a ponto

1) A primeira questão é que há um entendimento de que o Corinthians tem uma relação entre receita e dívida com menor alavancagem do que aquele Flamengo de 2013.

O Corinthians tinha uma dívida bruta ao final de 2023 de R$ 2 bilhões e um endividamento líquido de R$ 1,6 bilhão - ambos os números incluindo a Neo Química Arena. O valor do débito bruto cresceu para R$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre com contratações.

Considerando o final do ano, a dívida líquida era de 1,6 vez a receita do Corinthians, que bateu em R$ 1 bilhão em 2023.

Em 2012, nos números históricos, a dívida líquida do Flamengo era de R$ 800 milhões. A receita obtida no primeiro ano de gestão, em 2013, era de R$ 267 milhões. Havia uma relação, portanto, de três vezes a dívida em relação à receita.

2) Há no Corinthians um sentimento de áreas da receita que estão defasadas. Se melhor exploradas, esses ativos podem aumentar mais o faturamento.

Um dos casos emblemáticos é o sócio-torcedor, que gera bem menos receita do que os rivais. No curto prazo, o clube já tem a negociação do patrocinador master com casas de apostas para substituir a VaideBet.

3) A Lei da SAF criou mecanismos para reestruturação de dívidas para clubes, inclusive os associativos, que não existiam anteriormente na época do Flamengo. Há por exemplo a possibilidade do RCE (Regime Centralizado de Execuções) e a Recuperação Judicial.

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Não significa que o Corinthians vai entrar em recuperação, o que já foi proposto pela E&Y. Mas esses são instrumentos que fazem parte da conversa sobre os débitos.

Ao assumir o Corinthians, a intenção de Fred Luz é estabelecer um plano em no máximo dois meses com metas de receitas, de pagamento de dívida e com solução para resolver o caixa. A ideia é ter uma previsibilidade de quanto o clube vai arrecadar, quanto gasta e quanto vai pagar em dívidas.

A curto prazo, o objetivo é identificar todos os gargalos de caixa, isto é, valores a serem pagos. Aí o clube paga ou conversa com os credores para explicar como será o parcelamento. O discurso é de adquirir uma credibilidade no mercado.

Como grande reforço, o Corinthians contará em breve com os R$ 150 milhões de adiantamento da Liga Forte União. Esse valor ajudará a criar um fluxo de dinheiro para evitar rombos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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