Rodrigo Mattos

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Em contraste com a Euro, Brasil tem liga forte e seleção em baixa

Assim como ocorre na Copa do Mundo, a Euro e a Copa América provocam reflexões sobre o estágio do futebol de cada país. Na Europa, os dois times finalistas, Espanha e Inglaterra, têm as duas ligas mais fortes do mundo. Já o Brasil tem o melhor campeonato das Américas, mas sua seleção capengou na Copa América.

A percepção desse cenário de contrastes ocorreu durante o programa "Finanças do Esporte" em um debate entre mim e o PVC.

A Premier League é a melhor liga nacional do mundo, talvez com certa distância para as outras. Durante muitos anos, isso não refletia no desempenho de sua seleção, que tem fracassado seguidamente e tinha limitações técnicas.

Agora, o elenco inglês é bem estrelado, composto dos destaques da Premier League. Só Kane e Belligham atuam fora do Reino Unido. Fato é que o campeonato forte parece ter ajudado o desenvolvimento de jogadores ao longo dos anos. Falta um título, visto que é a segunda final da Euro, e na Copa foi eliminada nas quartas.

A Espanha teve uma seleção fortíssima há 12 anos, e levou duas Euros e uma Copa. Mas, depois disso, seu modelo de jogo de passes se esgotou e teve de ser reinventado pelo técnico Luis De Fuente com um jogo mais objetivo e vertical. Em comum, com a Inglaterra, o nível alto da La Liga.

Não por acaso são apenas sete jogadores da seleção que não atuam em solo espanhol, entre eles o volante Rodri, referência do time. E, ao contrário do que ocorria antes, há muitos jogadores de fora do duo Real Madrid e Barcelona, que formavam a base espanhola na época de ouro.

No Brasil, o processo de crescimento do Brasileiro tem ocorrido no período após a Copa-2014, e o 7x1. Houve um avanço econômico com o enriquecimento dos clubes, uma parte se ajeitou financeiramente, outra apelou para investidores de SAF. Em campo, técnicos estrangeiros elevaram o nível tático.

De concreto, o Brasil tem dominado a Libertadores com seus clubes por conta de um abismo econômico para outras ligas da América do Sul. Até por isso jogadores destaques de outras seleções estão no país, a base do meio-campo colombiano joga no Brasil, James, Richard Rios, Arias. Há quatro uruguaios no Flamengo: Arrascaeta, De La Cruz, Varela e Viña, e outro no Inter, Rochet. Chilenos e equatorianos são outros que disputam o Brasileiro.

Mas esse crescimento da Liga se consolidou enquanto a seleção apresenta dificuldades no cenário internacional. Ganhou apenas uma Copa América em 2019 nos últimos anos. Não passou das quartas-de-final da Copa do Mundo nas duas últimas edições, a última final foi em 2002.

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E seguidamente os times brasileiros têm exportado os jogadores mais talentosos ainda mais cedo para a Europa. Não se sabe se é um fator na formação da seleção.

É possível que a força do Brasileiro, no futuro, tenha impacto positivo na seleção. Antigamente, o time canarinho era totalmente independente do campeonato nacional, quase não havia jogadores daqui na seleção. A ver o que o futuro nos reserva.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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