Rodrigo Mattos

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Bloqueio de venda de brasileiro do Chelsea expõe transferências suspeitas

O Chelsea acertou a revenda do ex-santista Deivid Washington para o Strasburg por um total de 21 milhões de euros. O valor era superior ao pago ao Santos pelo clube londrino sendo que que o brasileiro atuou menos de meia hora na Inglaterra. Houve uma desistência da transferência por parte do Chelsea após suspeitas de órgão fiscalizador da Premier League.

Mas por que ocorreu esse cancelamento da operação por parte do clube londrino? E qual a importância disso para o cenário do futebol mundial?

Sob o ponto de vista de futebol, não faz o menor sentido que um jogador jovem contratado por uma quantia considerável do Brasil se valorize sem ter provado ser útil na Europa. A valorização seria de 5 milhões de euros: a diferença entre a negociação atual e a anterior por Deivid Washington.

A explicação para o negócio está nos donos do clube inglês e francês. Os sócios majoritários do Chelsea são Todd Bohely e o fundo Clearlake, que também controlam o Strasburg. Os dois times, portanto, fazem parte do mesmo clube de MCO (Multi Club-Ownership).

O Chelsea tem operado com perdas financeiras desde que a nova gestão assumiu por conta de altos investimentos na contratações. Um total de R$ 8,9 bilhões foi gasto pelo clube em contratações.

A Uefa e a Premier League têm regras de limites de prejuízos para os clubes que, quando descumpridas, podem levar a impedi-los de jogar. Para compensar, o Chelsea tem feito operações de venda de ativos, com hotéis e seu time feminino, para empresas de seu próprio grupo. A Uefa já avisou que não permitirá esse tipo de transação.

Neste contexto, o Chelsea negociaria Deivid Washington para um clube do mesmo grupo por um valor que não se encaixa no mercado de transferência. O objetivo seria cobrir suas perdas usando outro clube (empresa) do grupo.

E aí está um problema: nem Uefa, nem Fifa criaram uma regulação até agora para negociações de jogadores entre clubes do mesmo grupo. Assim, os dirigentes podem usar as transferências para mexer dinheiro para lá e para cá entre os clubes e tapar perdas.

Mais do que isso, a falta de regulação permite que as negociações de jogadores voltem a ser uma forma de mover dinheiro sem que existam fins esportivos reais por trás. É algo que as entidades já tentaram evitar no passado por medo de que o futebol se tornasse uma mega lavanderia de dinheiro. Afinal, quanto vale um jogador?

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O exemplo da transação de Deivid Washington tem sido replicado em outros grupos de clubes. Há operações entre clubes de grupos sem que se saiba o valor, e sem que se saiba se os fins são de fato esportivos. O Brasil, por sinal, já está inserido nesse contexto já que tem clubes parte de MCOs.

Caso nada seja feito, a tendência é que o futebol se torne um ambiente financeiro descontrolado usado com outros fins que não o campo.

Opinião

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