Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Por que é lucrativo para CBF haver mais jogos da seleção nas Eliminatórias

A contusão de Pedro e o período de Data Fifa levantaram a discussão sobre o excesso de jogos das seleções no calendário. Há uma explicação óbvia para esse número: as federações internacionais e a Fifa têm interesse em mais partidas porque assim aumenta sua arrecadação.

Mas quanto a CBF ganha em uma partida da seleção para valer a pena tantas partidas de Eliminatórias ou amistosos?

Bem, a confederação fechou um contrato pelo qual a Globo paga US$ 1,8 milhão (R$ 10 milhões pelo câmbio atual) pelos direitos de transmissão da seleção do ciclo até a Copa-2026. No caso das partidas de Eliminatórias, são as partidas em casa que valem, já que, nas como visitantes, a federação local tem o direito.

Além disso, a CBF ganha na bilheteria dos jogos. Considerando as Eliminatórias do ano passado, em três jogos, a média foi de R$ 14 milhões de bilheteria por jogo.

Na prática, a confederação ganhou R$ 24 milhões por jogo em casa. Mas com a ressalva de que não levará nada nas partidas fora. Faltou nessa conta o valor das placas que não foi possível obter.

Como esse valor se compara aos clubes? O Flamengo é o clube com maior média de público e arrecadação de TV.

O clube leva em média R$ 7,6 milhões por partida do Campeonato Brasileiro neste ano de 2024. Mas esse valor deve cair no próximo ano com o novo contrato da Live com a Globo. Para efeito de comparação, vamos usar o dobro (R$ 15,4 milhões) para só considerar jogos em casa.

Na venda de placas, o clube arrecada em torno de R$ 45 milhões, o que dá algo em torno de R$ 2,4 milhões por jogo em casa. Além disso, a bilheteria do clube é de média no atual Brasileiro de R$ 3,3 milhões, só considerando os jogos em casa, obviamente.

Então, o Flamengo consegue R$ 21,1 milhões por partida em casa, valor próximo ao da CBF.

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Mas é certamente um valor fora da linha padrão entre os clubes nacionais. Fora Corinthians e Palmeiras, que chegam próximos, os outros times têm arrecadações bem menores por jogo.

Verdade seja dita que a CBF aceitou e até propôs a redução das Eliminatórias da Copa para 2026. Essa foi a posição do presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, em congresso da Conmebol.

A própria confederação sul-americana também queria diminuir o torneio. Outras federações nacionais da América do Sul, no entanto, não aceitaram porque sua receita seria impactada.

Mundialmente, a UEFA e federações nacionais também brigam por mais datas por suas seleções. Tanto que a federação europeia criou um novo torneio, a Nations League, para faturar mais.

Nesta terça-feira, a CBF joga fora de casa contra o Paraguai. Assim, não terá renda na partida.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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