Rodrigo Mattos

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Times como Flamengo não atingem todo potencial no cenário brasileiro

A derrota do Flamengo para o Peñarol, nas quartas-de-final da Libertadores, gerou uma série de críticas ao técnico Tite. O time rubro-negro teve uma atuação medonha, diga-se, e na temporada tem desempenho abaixo do esperado.

Dito isso, a responsabilidade é toda de Tite? Em parte, obviamente que sim, o técnico cometeu erros nesse jogo e em outros, alguns apontados aqui neste blog. Não é o único culpado no Flamengo, no entanto, como bem apontou o companheiro Mauro Cézar em seu texto.

E há outros fatores que são além do clube como refletiu o colega Carlos Eduardo Mansur, em texto no Globo Esporte. Sua ponderação é de que, a partir da Copa América, sem titulares, Tite passou a se dedicar mais a apagar incêndios do que a montar um time.

Não é o único treinador no Brasil nesta circunstâncias, o país é assim com esse calendário, dirão os críticos do treinador com razão.

E aí que se parte para uma segunda reflexão: as equipes brasileiras não atingem todo o potencial técnico que têm em seus elencos. Todas elas. São submetidas a condições que impedem a exploração plena dos recursos de seus jogadores.

Há o calendário, obviamente, que é o fator mais danoso de todos. São mais de 70 jogos, muitas vezes os jogadores estelares não podem atuar porque a CBF não respeita datas-Fifa (Copa América é data-Fifa), as partidas são espremidas em um curto período.

Tudo para atender os interesses de federações e políticos com os Estaduais. Acredite políticos regionais também querem manter as competições que atendem suas bases.

Na sequência, há o fato dos gramados. Fora três ou quatro exemplos, Neoquímica, Beira-Rio e Morumbi, os gramados são ruins e impedem o jogo rápido ou são artificiais o que muda o ritmo do jogo. Depois, há as arbitragens brasileira e sul-americana que travam o jogo com faltas em excesso, são permissivas com cera e violência.

É um combo que deteriora completamente o ambiente para a produção de um time de alto nível. Os investimentos altíssimos na janela de transferência acima de R$ 1 bilhão nunca se refletem plenamente em qualidade.

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?Ah mas o Botafogo joga um bom futebol." "Ah, mas o Abel Ferreira fez o Palmeiras bicampeão? Veja que mesmo esses dois times bem-sucedidos nesses dois anos (o Botafogo a depender do final da temporada) se sustentam com boas atuações e momentos oscilantes na temporada de forma brutal.

O Atlético-MG, time de muitos talentos, foi esfacelando a sua forma de jogar vistosa e apelou um pragmatismo que só dá a atribuir a um aprendizado de Gabi Milito no Brasil.

Voltando ao Flamengo, Tite tem lá sua responsabilidade no BO, mas a temporada lhe tirou cinco dos seus principais jogadores do time. Dois outros, Arrascaeta e De La Cruz, jogam em nível físico bem abaixo do seu real. Não dá nem para imaginar o que seria o time em plena força.

Deveria, sim, haver uma discussão sobre esse cenário impostos a todos os times e como ele empobrece o futebol nacional. Mas é mais fácil pedir a demissão do técnico de plantão.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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