Rodrigo Mattos

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O que mudou (até agora) no Flamengo com Filipe Luís

As duas vitórias iniciais de Filipe Luís provocam uma natural empolgação e uma sensação de revolução no Flamengo. Há quem fale em time totalmente renovado após a saída de Tite com quem a equipe acumulava resultados recentes ruins.

A realidade, porém, é diferente. O próprio Filipe Luís reconhece que não pegou um time em um caos, que havia uma base organizada pela antecessor. Uma base, diga-se, que já não produzia boas atuações no final da passagem do ex-treinador.

De fato, o time de Filipe Luís - visto em apenas dois jogos - tem uma estrutura similar ao de Tite em sua posição tática. A linha de quatro defensores, com dois volantes alinhados, um ponta aberto pela esquerda, um centroavante. Veja que Bruno Henrique e Gabigol não atuam como dupla como em 2019, e sim um próximo à linha lateral e o outro pelo centro.

Há um ajuste no posicionamento de Gerson. Inicialmente, com Tite, ele jogava como ponta-armador pela direita. Aos poucos, foi migrando para meio, Gerson ou quem ocupava essa posição, Luiz Araújo foi um deles.

Com Filipe Luís, Gerson, melhor jogador da temporada rubro-negra, é meia de fato, jogando pela direita, enquanto Arrascaeta atua pela meia esquerda. Teoricamente, desfaz-se o 4-3-3 pelo 4-4-2. Mas, diante do Bahia, Gerson também ocupou ocasionalmente aquele setor mais na ponta como na jogada do segundo gol. Em geral, no entanto, era Wesley quem fazia todo o corredor.

Mas, para além de posicionamento, a principal mudança é a marcação pressão. Com Tite, o Flamengo marcava pressão e conseguia sufocar o adversários em alguns jogos, como o Palmeiras, Fluminense (no Carioca).

Mas a pressão de Filipe Luís é uma perseguição mais intensa, em busca de tomar a bola do rival de qualquer jeito, uma busca incessante homem a homem que deixa o rival bem mais desconfortável. Além disso, ocorre quase o jogo inteiro. Time de ótimo toque de bola, o Bahia quase não conseguia jogar na Fonte Nova.

Como consequência, o Flamengo é um time mais exposto. Quando o rival passa a primeira linha, tem mais espaço. É algo previsto, corre mais risco em favor de um jogo à la Flamengo, como diz o próprio Filipe Luís. De novo, o Bahia teve pelo menos duas chances claras em cabeçadas. Com Tite, o time voltava para marcar atrás em diversas situações.

As mudanças de nomes também trouxeram novas características ao time. Léo Ortiz tem uma capacidade de interceptação e um passe para quebrar linhas não vistos em outros zagueiros no Brasil. Pedia passagem enquanto Tite o mantinha na reserva em nome da filinha e da gestão de grupos, já que Fabrício Bruno chegara antes.

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O mesmo vale para Wesley. Criticado pela torcida no passado, é um jogador de incrível capacidade física e por isso gera muitas jogadas pelo seu setor, assim como é capaz da cobertura defensiva. Diante do Bahia, teve ótima atuação, mas saiu contundido.

É de se esperar que, na data-Fifa, existam novos ajustes no time para deixá-lo mais com a cara de Filipe Luís. É uma troca de estilo, mais do que posicionamento, que demanda tempo para ser compreendida e executada plenamente pelos jogadores. Não há dúvida, no entanto, que o início é bastante promissor.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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