Como Fifa fez gambiarra para ter Messi no Super Mundial de Clubes
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, anunciou a participação do Inter Miami, time de Lionel Messi, no Super Mundial de Clubes em 2025. A decisão abre uma exceção ao criar um critério totalmente diferente do aplicado para definir os outros 30 times - falta apenas um, que sairá após a final da Libertadores-2024.
A Fifa tem propalado que as classificações ao Super Mundial seriam baseadas no mérito do campo.
O regulamento do Mundial de Clubes estabelece as regras para definir vagas de cada continente. Há dois critérios possíveis: 1) campeão continental no último ciclo de quatro anos (2021 a 2024) 2) posição no ranking de clubes de cada confederação.
Todos os 31 times dos outros continentes atendem a pelo menos um desses dois pré-requisitos. O Al Ahly, por exemplo, ganhou três vezes a Champions League da África, o Real Madrid, duas.
E os rankings foram baseados no desempenho nas próprias competições continentais.
Mas está lá uma exceção: uma vaga para o clube de país-sede. "O acesso para o clube ocupar essa vaga será determinada pela Fifa em um estágio mais avançado". Ou seja, a entidade deixou em aberto para poder escolher um critério que lhe fosse mais conveniente.
O Inter Miami nunca venceu a MLS Cup, o campeonato norte-americano ao final dos playoffs. O clube também está posicionado na 21ª posição no ranking da Concacaf, atrás pelo menos de três outros times norte-americanos: Philadelphia Union, Columbos Crew e Los Angeles FC.
O Inter Miami entrou com a justificativa de ter conquistado a MLS Supporters Shield, que é uma espécie de título pelo melhor desempenho na temporada regular.
A questão é que seria perfeitamente possível para a Fifa esperar o final da MLS nesta temporada: acaba no dia 7 de dezembro, um mês depois da Libertadores. No entanto, Infantino se apressou: "Vocês (Inter Miami) mostraram que nos EUA são consistentemente o melhor clube em campo". Pode até ser que isso venha a ser verdade em dezembro se Messi ficar com o título da MLS, mas não é possível fazer essa afirmação atualmente.
A decisão ocorre em um contexto em que a Fifa traçou uma meta altíssima de arrecadação para o Super Mundial: tenta obter US$ 4 bilhões (R$ 23 bilhões) em direitos de TV. O que até assustou TVs, que consideram o valor irreal.
Para tentar se aproximar desse objetivo, é importante ter estrelas como Lionel Messi e Suárez, em estreia pelo Inter Miami, em sua casa, no Estádio Hard Rock, em 15 de junho.
No final das contas, a Fifa repete a fórmula do seu primeiro Mundial em 2000. Na ocasião, o Corinthians entrou como campeão nacional no ano anterior, 1999, o que é um critério justo.
Mas o Vasco se classificou pela Libertadores de 1998, duas temporadas antes, porque a entidade queria ter uma equipe de São Paulo e outra do Rio de Janeiro (o Mundial foi no Brasil). Faria muito mais sentido técnico ter o Palmeiras, campeão da Libertadores em 1999, nesta vaga.
É a mesma Fifa que criticou a Superliga, criada por megaclubes da Europa, por ignorar o mérito esportivo.
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