Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Dívida do Flamengo aumenta em R$ 395 milhões em 2024 por reforços e estádio

O Flamengo teve um aumento de sua dívida líquida em R$ 395 milhões durante o ano de 2024. A explicação para isso: gastos com a compra do terreno do estádio e contratações de jogadores.

É o que revela uma análise do balancete até setembro do clube rubro-negro.

A dívida líquida - total do passivo menos dinheiro a receber - ficou em R$ 562 milhões. Ao final de 2023, esse valor era de R$ 167 milhões após o clube reduzir em quase 90% seu débito histórico.

Considerando a receita rubro-negra, a dívida líquida não significa um clube em uma crise financeira, já que o valor representa 0,4% da arrecadação anual de 2023.

É uma direção, no entanto, bem diferente do restante da gestão do presidente Rodolfo Landim. Sua prioridade sempre foi preservar o caixa e manter a situação folgada.

Há três motivos para o aumento da dívida: os gastos com contratações de jogadores, a compra do terreno para construção do estádio e o baixo valor arrecadado em venda de atletas.

A compra do jogador De La Cruz e a aquisição do terreno do Gasômetro para construção do novo estádio geraram uma redução brutal do caixa (dinheiro disponível). O terreno custou R$ 147 milhões aproximadamente. Já o jogador uruguaio teve seu custo na casa de R$ 90 milhões pagos à vista.

Ao final de setembro, o clube tinha apenas R$ 23,9 milhões em caixa livre (havia um valor complementar de caixa que é de projetos incentivados). Em 2023, o Flamengo tinha encerrado o ano com R$ 234,5 milhões no caixa livre. Ou seja, houve uma redução de R$ 210 milhões durante o ano.

Isso tem impacto no cálculo da dívida líquida pois reduz o ativo.

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Além disso, o total de investimento em jogadores chegou a R$ 273 milhões, segundo o registro no intangível do Flamengo. Além de De La Cruz, foram feitas contratações parceladas de atletas como Léo Ortiz, Viña, Alcaraz e Plata. O argentino foi o mais caro: um total de R$ 125 milhões.

Assim, o Flamengo tem de pagar um total de R$ 363,8 milhões em aquisições de jogadores nos próximos anos. Trata-se da maior dívida do clube. Desse total, R$ 207 milhões têm de ser quitados no período de um ano.

Para efeito de comparação, o clube tem a receber R$ 145 milhões pela venda de jogadores. No período de um ano, tem direito a receber R$ 114 milhões.

A diferença total é, portanto, de R$ 218,7 milhões. O período de um ano (curto prazo) tem uma lacuna de R$ 93 milhões, o que terá de ser coberto com receitas extras.

Anteriormente, o clube tinha como norma operar com equilíbrio entre compras e vendas.

O próprio balancete indica que o Flamengo tem que ficar de olho em oportunidades de mercado com referências a possíveis vendas. Até setembro, o clube arrecadou R$ 73 milhões com negociações. Isso representa menos de um terço do valor do ano passado no mesmo período. Jogadores como Wesley e Lorran são alvos constantes do exterior e, possivelmente, podem sair diante deste cenário.

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A queda das receitas com negociação de atletas também explica a redução da arrecadação até agora em comparação com 2023. A receita bruta ficou em R$ 826 milhões. Houve crescimentos em outros itens de renda como marketing. Foi o suficiente para um superávit discreto de R$ 1,9 milhão.

Outro item que aumentou a dívida rubro-negra foram adiantamentos por conta de dinheiro recebido da Libra/Globo, Adidas e Brax. No total, esse valor cresceu em R$ 42 milhões durante o ano. O valor recebido da Globo será descontado de futuros recebíveis de direitos de TV.

Vale lembrar ainda que o clube terá uma redução de sua receita de TV para o próximo ano com o novo contrato do Brasileiro.

O próximo presidente do Flamengo, portanto, terá um cenário mais aperto de finanças, embora longe de ser uma crise.

Após a publicação desta matéria, o Flamengo publicou nota oficial em que dá explicações sobre as contas do clube. Aqui o texto abaixo:

"Recentemente, foram divulgadas informações parciais na imprensa , que distorcem a real situação financeira do Flamengo.

Essas informações consideram apenas parte dos números , sem oferecer uma visão ampla e precisa do cenário financeiro do clube, que hoje se encontra em seu melhor momento histórico, com uma solidez e saúde financeira inquestionáveis.


Esclarecemos abaixo:

1. Investimentos X Obrigações Financeiras

É importante ressaltar que a atual gestão do Flamengo zerou o endividamento bancário do clube, tornando o caixa positivo e eliminando as despesas financeiras com juros por empréstimo.

Não podemos esquecer também que, mesmo com a aquisição do terreno a vista e os fortes investimentos em atletas, o caixa do clube permaneceu positivo em R$ 45 milhões.

Fez parte do planejamento do clube não vender nenhum de seus principais jogadores e manter uma estratégia de investimento robusta em patrimônio e ativos, como foi aprovado pelo Conselho Deliberativo, no que tange ao estádio. Isto não representa nenhum endividamento bancário ou passivo fiscal.

É leviano fazer uma análise dos números ignorando o investimento feito por ordem do Conselho na compra do terreno do nosso tão sonhado estádio , de forma a tentar emplacar uma narrativa falsa de que o Flamengo está sendo irresponsável com suas contas.

O caixa do Flamengo, suas obrigações a pagar e seu fluxo de caixa estão completamente dentro da sua capacidade financeira.


2. Reposição de Caixa

Uma parcela significativa dos investimentos, no valor de R$ 150 milhões, será rapidamente recuperada através da venda futura de cadeiras cativas no novo estádio. Esse processo de venda será iniciado após a conclusão das eleições, respeitando a transição e evitando ações antes do resultado eleitoral . É importante destacar que a continuidade do projeto do estádio dependerá do próximo presidente dar continuidade aos esforços empreendidos pela atual gestão

3. Evolução Patrimonial e Liquidez

O patrimônio do clube apresentou uma valorização significativa ao longo dos anos, superando indicadores históricos. O saldo atual do caixa ainda está muito superior ao de dezembro de 2018, quando assumimos o clube, que possuía apenas R$ 8 milhões. Hoje, mesmo após investimentos estratégicos, o caixa está em mais de R$ 45 milhões.

4. Valorização do Elenco

Desde 2018, o valor estimado do elenco rubro-negro passou de R$ 178 milhões para R$ 469 milhões em dezembro de 2023, e atualmente ultrapassa R$ 650 milhões. Isso demonstra uma clara valorização dos nossos ativos esportivos, fruto de uma gestão focada na excelência e na competitividade do time.

No início de 2024, o Flamengo realizou contratações estratégicas como Léo Ortiz, Matias Viña e Nicolás de La Cruz, com pagamentos à vista, totalizando R$ 115 milhões. Na segunda janela de transferências, reforçamos o elenco com Carlos Alcaraz, Alex Sandro, Gonzalo Plata e Michael, investindo mais R$ 191 milhões. No total, foram destinados R$ 306 milhões para a aquisição de novos jogadores e a quitação de parcelas de aquisições anteriores, reforçando nossa posição de liderança no mercado.

5. Ampliação do Patrimônio

Além dos investimentos no elenco, o Flamengo também destinou recursos significativos para a ampliação de seu patrimônio, incluindo a aquisição de terrenos para expansão do centro de treinamento, melhorias na sede social e a compra do terreno para o novo estádio, totalizando R$ 147 milhões. O patrimônio total do clube saltou de R$ 368 milhões em dezembro de 2018 para R$ 1,078 bilhão em setembro de 2024.

Com um patrimônio robusto, elenco de primeira linha, gestão sólida do Maracanã e vultuosos contratos comerciais já firmados para os próximos anos o Flamengo se encontra preparado para um 2025 promissor, oferecendo bases sólidas para continuar sua trajetória de crescimento."

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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