Como estratégia de Textor indica venda de atletas do Botafogo pelo Lyon
O órgão regulador do futebol francês (DNCG) anunciou um transfer ban e avisou que havia ameaça de rebaixamento do Lyon na Ligue 1. A medida foi uma consequência da crise financeira do clube com dívida em torno de 500 milhões de euros. E o que isso tem a ver com o Botafogo?
Como já mostrado aqui no blog, o Lyon pertence ao grupo Eagle, que tem John Textor como principal acionista, e há previsão de venda de jogadores da organização para tapar o buraco financeiro.
Após a punição, o empresário norte-americano deu uma entrevista à imprensa francesa (precedido por um monólogo de 1h30) para dizer que a situação está sob controle. Sua exposição serviu para explicar como funciona o fluxo de dinheiro dentro do grupo.
Segundo Textor, há um acordo de acionistas pelo qual a operação de todo o grupo Eagle, com sede no Reino Unido, é feita considerando que se trata de um caixa único. Ou seja, o dinheiro de todos os clubes e da holding é gerido como um só.
Assim, o empresário detalhou que usa as variações da temporada para mover o dinheiro de um lado para outro. O que, na visão dele, é uma vantagem. O fim da temporada no Brasil, portanto, será o momento de desinvestir no Botafogo.
No plano de salvar o Lyon, há previsão de venda de 75 milhões de euros em jogadores.
"Então, baseado no sucesso do nosso clube Botafogo e o sucesso de jogadores convocados, estamos performando incrivelmente bem. Esses jogadores têm o direito de ficar no Brasil e podem vir para a Europa. Acharam outra organização que dá esse privilégio (o grupo Eagle). Escolheram ficar no Brasil. Quando esses jogadores vierem, eles virão com transferência, vai ser dividido (pelo grupo)", disse Textor.
Segundo o empresário, há três atletas - os quais ele não nomeou - que têm sua situação vinculada ao Botafogo ou ao Lyon. E o próprio jogador decide se vai de fato para a Europa.
O Lyon também venderá uma parte de seus jogadores, já que Textor vê o seu grupo como inflado de jogadores contratados a toque de caixa para evitar o rebaixamento na última temporada.
"Também um tópico interessante para o Botafogo. O nosso plano era fazer duas significativas aquisições (Almada e Luiz Henrique). O time lá atrás que foi construído com free contratações. Nosso plano é vender bastante e comprar bastante. É sempre ficar entre os três primeiros na liga", disse ele, isto é, promete continuar investindo.
A questão é que, hoje, nem o Lyon, nem o Botafogo têm dinheiro sobrando para contratar. O Lyon teve um déficit de 25 milhões de euros no último ano, segundo seu documento financeiro. Já o Botafogo operou com déficit de R$ 500 milhões em dois anos, desconsiderando o valor ganho com venda antecipada de direitos. As receitas têm crescido, mas em ritmo bem menor do que as despesas.
O dono, Textor, injeta dinheiro próprio. No grupo do Lyon, há 56 milhões de euros em empréstimos dele. "Eu continuo a suportar esse negócio com meus recursos quando necessário", disse.
O dinheiro, no entanto, não é infinito. Textor tem dívidas no grupo com a Ares Management, que detém cerca de um terço das ações e fez um empréstimo de longo prazo. E sua aposta é levantar dinheiro na bolsa de Nova Iorque com venda de ações e com a negociação de sua fatia no Crystal Palace.
Sua visão é que as projeções otimistas garantem que o fluxo para seus clubes continuarem investindo e crescendo de valor. O órgão regulador francês, no entanto, não se convenceu de seu plano e deu a punição. Agora, resta a Textor injetar dinheiro no Lyon para salvá-lo. E, se não houver recursos novos, o Botafogo será afetado. Quando há um problema de caixa em um lugar, entra o dinheiro do outro.
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