Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Conmebol: final única turbinou renda e elevou Libertadores a 'nível global'

A final única da Libertadores completa sua sexta edição no jogo entre Botafogo e Atlético-MG, em Buenos Aires. A avaliação da Conmebol é a que o formato se consolida a cada ano, aumentou receitas e elevou a competição para um nível global.

O novo modelo foi adotado após a Conmebol contratar uma consultoria para modernizar a Libertadores. Houve aumento do número de times brasileiros, maior mercado, e posteriormente a adoção da decisão em um jogo, e não em ida e volta como antes.

Desde a primeira edição, em 2019, o público teve um patamar mínimo na casa de 40 mil torcedores, com exceção do jogo em plena pandemia (2021). Em Buenos Aires, Galo e Botafogo terão um público entre 60 mil e 70 mil.

"As finais únicas se consolidam ano a ano e estamos demonstrando com feitos o acerto deste processo de modernização e profissionalização do futebol sul-americano, que começou há apenas cinco anos e já se converteu em um acontecimento que supera nossas fronteiras e se expande a nível global", disse o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, ao blog.

"Cada final é uma festa única que move milhares de turistas e fanáticos, que participam de uma experiência única, unindo o continente, criando uma nova atmosfera através de um caldeirão de culturas onde a paixão se expande pelas cidades."

Não foi um empreendimento sem desafios. Logo de cara, em 2019, movimentos populares no Chile levaram ao cancelamento do jogo em Santiago. Lima teve de receber o jogo às pressas. Mas o estádio Monumental teve 59 mil pessoas para River Plate x Flamengo.

No ano seguinte, a pandemia do coronavírus deixou a final no Maracanã quase sem público. Só cerca de 5 mil convidados. E Montevidéu também enfrentou problemas e torcida restrita, em torno de 40 mil a 42 mil.

Houve necessidade de ajustes em relação aos preços de ingressos, que geraram reclamações e espaços vazios. A Conmebol chega a 2024 com patamares mais baixos de valores.

Ainda assim, as rendas das finais costumam superar R$ 30 milhões, como ocorreu no Maracanã ano passado, entre Fluminense e Boca Juniors.

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O que subiu, de fato, foi a receita da Libertadores. A receita com direitos de TV teve um salto de 20% na última concorrência, atingindo o patamar de US$ 1,5 bilhão pelo contrato inteiro. Antes, esse montante era de US$ 1,2 bilhão, e houve o problema da desistência da Globo no meio.

"O futebol sul-americano está ingressando em um processo que tem muito pouco a realizar em relação às finais de referência no mundo. Ano após ano viemos superando nossos próprios recordes de audiência, de patrocínios e de visitantes que intercambiam suas culturas e paixões", contou Domínguez.

Outro fator exaltado pelo dirigente é o fim do fator casa, que é tão adorado pelos torcedores, na decisão. Como na Champions League, o campo neutro leva torcedores a viajar, mas não tem o fator caldeirão, nem as pressões extracampo da antiga Libertadores.

"Da mesma forma, tormenta a neutralidade da sede e elimina fatores externos, como a vantagem local em finais tradicionais, assegurando que o futebol seja o principal protagonista", analisou.

"Esta nova modalidade chegou para ficar porque prioriza enormemente o futebol sul-americano, desenvolve nossa cultura, nossa paixão e consolida um processo virtuoso que faz crescer todas as nossas equipes ao redor."

De fato, juntamente com as receitas, as premiações da Libertadores tiveram um salto e atingiram um total de R$ 1,130 bilhão. O campeão leva só pelo título US$ 23 milhões (R$ 115 milhões). É um prêmio maior do que o da Champions, porque a Conmebol prefere concentrar mais dinheiro no título do que a Uefa.

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Mas, se o fator casa foi eliminado, e dá para exaltar o intercâmbio entre torcedores, a América do Sul tem desafios logísticos. Foi que se viu na final em Guayaquil, entre Flamengo e Athletico-PR. Com escassez de voos diretos, foi um problema chegar ao local para os torcedores dos dois times brasileiros.

A Conmebol, em sua avaliação final, entendeu que teria de priorizar cidades com acesso mais facilitado para todo continente. Não por acaso o Rio de Janeiro e Buenos Aires foram contemplados na sequência das decisões.

Então, no saldo final, perdeu-se a atmosfera do estádio em casa, mas ganhou-se as viagens tão raras de intercâmbio no continente. Uma demonstração disso são os mais de 20 mil botafoguenses que desafiaram a descrença para lotar seu setor no Monumental de Nuñez. Isso sem contar os que estarão em lugares neutros.

"Estamos em um bom caminho e os feitos nos demonstram. Temos o melhor futebol e, agora, temos o melhor espetáculo", acredita Domínguez.

Reportagem

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