Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Como o Palmeiras tem dinheiro para contratações milionárias na janela

A atuação do Palmeiras no mercado de transferências do final do ano chama atenção pelos altos valores das contratações fechadas e dos alvos. É bem possível que o Alviverde tenha o maior gasto em uma janela de transferências de um clube brasileiro na história.

Mas como isso é possível? O investimento é sustentável? Como se compara a rivais em outras janelas?

Primeiro, os números. O Palmeiras fechou a contratação da Facundo Torres por US$ 12 milhões (R$ 74 milhões). Já alinhou a compra de Paulinho junto ao Galo por 18 milhões de euros (R$ 116 milhões). E mira Andreas Pereira cujo custo está avaliado em pelo menos 20 milhões (R$ 128 milhões). Só aí os gastos ultrapassam R$ 300 milhões.

É mais do que o Botafogo ou o Flamengo, por exemplo, gastaram no meio do ano passado.

Um raciocínio óbvio aponta que as expressivas vendas de garotos da base, Endrick, Estêvão, Luís Guilherme e Artur proporcionou esse dinheiro. Mas é suficiente? O clube teria de cobrir outros gastos?

Pois bem, o balancete do Palmeiras de outubro mostrou uma receita de R$ 442 milhões com negociações de jogadores - Estêvão não está nesta conta. A receita total foi de R$ 1,046 bilhão.

O superávit no período foi de R$ 191 milhões. Mais importante, o EBITIDA chegou a R$ 361 milhões. Trata-se de um indicador importante para avaliar o potencial de geração de caixa de uma empresa. É com o caixa que a agremiação pode investir, no caso de times de futebol, em contratações.

Mas, quando o clube está endividado, esse valor tem que ser destinado ao passivo. Só que o Palmeiras, pelo balancete de outubro, teve uma variação bem pequena na sua dívida líquida, que está entre R$ 400 e 500 milhões. Ou seja, não há herança maldita a ser paga.

Para 2025, haverá o registro da operação de Estêvão ao Chelsea. O valor bruto é de 45 milhões de euros garantidos, mais 16 milhões de euros em metas. O Palmeiras fica com 70% do montante, Ou seja, garante R$ 203 milhões. Mas o valor pode ir a R$ 274 milhões com os gatilhos.

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O Palmeiras, embora com receita recorrente alta, tinha que usar parte das vendas de atletas para pagar suas despesas de dia a dia. É o que mostram contas dos últimos anos. Só que, a partir de 2025, a perspectiva é de aumento de receita recorrente, patrocínio, cotas de TV, e arrecadação com o Allianz Parque.

Considerando esses itens, o clube deve receber cerca de R$ 150 milhões a mais no próximo ano em receitas ordinárias. É mais fácil equilibrar as receitas e despesas com esse valor extra. Assim, a geração de caixa das vendas pode ser reinvestida.

Feitas todas as contas, o Palmeiras, de fato, gerou dinheiro extra para contratações em volume bem considerável no mercado. Claro, não é um dinheiro sem limite. E tem que se calcular um encaixe entre o que será recebido pelas vendas com os pagamentos pelas compras.

Mas, pelo histórico da diretoria, isso tem sido feito com equilíbrio. É um caso, portanto, bem diferente de clubes que se alavancaram com contratações caras mesmo sem receita, e depois se viram sufocados.

Reportagem

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