Rodrigo Mattos

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Flamengo vai gerar debate ao mirar quebra de cultura com diretor português

Vencedor da eleição para presidente, Luiz Eduardo Baptista optou por dar a um novo diretor técnico autonomia para fazer as escolhas do futebol, de montagem de departamento, técnico e contratações. Foi nomeado para a função o português José Boto.

A decisão de dar poderes completos ao diretor não chega a ser uma novidade completa no Brasil, já que houve diretores com grande ascendência em seus clubes no futebol brasileiro. No Flamengo, houve Rodrigo Caetano.

Mas Boto é um outsider da cultura nacional do futebol, uma aposta fora do circuito tradicional. Até na Europa sua carreira foi construída em ligas periféricas, como Portugal, Ucrânia e Croácia.

O discurso de Bap - que diga-se, vem desde a campanha - é de que o departamento tem que ser gerido sem a interferência de opiniões contaminadas pela emoção como são as de dirigentes amadores. Torcedores dos times costumam se irritar, se exaltar e tomar decisões não baseadas na racionalidade.

O próprio Bap admitiu que sua primeira leitura de um jogo (perdido) é de que os jogadores não se dedicaram e o árbitro prejudicou o time. E que só da segunda vez que assiste aos jogos que analisa de forma fria.

Boto terá a missão, portanto, de receber diretrizes do Conselho Diretor e traduzi-las em ações tomadas supostamente com as melhores práticas de eficiência do futebol. Sem viés, sem pitis.

Não é uma tarefa fácil em um ambiente como o futebol brasileiro, com certezas arraigadas. Haverá um desafio de se contrapor à própria cultura impregnada no país em dirigentes (mesmos aqueles com formações empresariais), torcedores e imprensa.

Quando estiver ganhando, tudo serão flores. Mas, nas crises, o modelo será duramente testado. Aliás, mesmo na atual janela de transferência, contratações menos midiáticas também sofrerão questionamentos.

A decisão de dar a Boto a prerrogativa de manter ou não Filipe Luís já foi bastante discutida entre jornalistas. Houve um estranhamento de que um treinador campeão, claramente bem sucedido no seu início de carreira, tenha sido submetido a uma espécie de vestibular para ficar.

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Até porque o dito profissionalismo não é garantia de sucesso em um ambiente aleatório como o futebol. O profissional pode se revelar não adequado à função naquele clube específico ou a bola pode simplesmente não entrar. Ocorre com técnicos ou com diretores.

Mas será, no mínimo, interessante ver a mudança de cultura no Flamengo, talvez o clube com maior pressão do futebol brasileiro.

Opinião

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