Rodrigo Mattos

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OpiniãoEsporte

Patrocínio do São Paulo desvalorizado expõe inflação de bets. Há uma bolha?

Em novembro de 2023, a Superbet negociou com o São Paulo por um contrato de patrocínio máster de R$ 52 milhões ao ano. Fechado na sequência, o acordo se tornaria o terceiro maior do país.

Em dezembro de 2024, a casa de apostas se esforçou para ajudar na contratação de Oscar após críticas da torcida pelo valor baixo do acordo de patrocínio. Em lista do UOL, o valor pago pela Superbet aparece em sétimo.

Durante esse período de pouco mais de um ano, houve uma verdadeira escalada dos montantes pagos por bets pelo uniforme de clubes. Boa parte dos times dobrou o valor pago pelo seu máster.

Para darmos um exemplo, o Flamengo, dono do maior patrocínio, saltou de um contrato com o BRB de R$ 45 milhões para R$ 105 milhões da Pixbet em 2024.

Os maiores contratos - Flamengo, Corinthians e Palmeiras - já passam da casa de R$ 100 milhões. Nem a Crefisa, parceira por anos, se sustentou na camisa alviverde diante dos valores da Sportingbet.

O que explica essa inflação nos patrocínios? Esses montantes são sustentáveis a longo prazo ou são mais uma bolha no futebol brasileiro?

O salto nos valores de patrocínios ocorre no período em que o governo estabelece a regulamentação do funcionamento das casas de apostas. Esse processo será concluído agora e, no início de 2025, as bets terão suas autorizações definitivas de funcionamento dadas pelo Estado.

É portanto uma época de consolidação do mercado em que algumas casas de apostas vão se fixar no mercado e outras perecer. E a exposição, em placas e camisas de times, é o principal meio de comer uma fatia do bolo.

Há uma opinião corrente entre agentes do mercado que as casas de apostas sabem que pagam hoje valores muito maiores do que valem as camisas brasileiras. E há uma expectativa entre quem negocia esses acordos de que o investimento cairá após o mercado se consolidar, isto é, depois de uns anos de regulação.

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Além disso, a secretaria de apostas têm aumentado o número de regulações atendendo uma demanda social, após uma explosão de apostas que afeta famílias e saúde. A proibição de patrocínios de competições de base - já prevista em lei - é um exemplo.

Outro fator é que, com os impostos e o pagamento de outorgas ao governo, o lucro das casas de apostas tende a cair. Ou seja, haverá menos caixa livre.

Mas há ainda a possibilidade de o mercado de apostas, ao estar plenamente regulado, crescer ainda mais sua fatia na economia brasileira. E, assim, os volumes de dinheiro aumentarem e, portanto, a necessidade de investimento em propaganda em patrocínio. Não parece ser o cenário mais provável.

Os clubes, em sua maioria, parecem estar trabalhando com essa segunda hipótese. Houve um crescimento dos gastos com futebol, inclusive com salários de estrelas pagos por bets. Bem mais incomum é ver agremiações usando essa receita extra para resolver contas do passado.

Se a bolha estourar daqui a alguns anos, será um salve-se quem puder.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

14 comentários

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Sílvio Maurício Silva Mallet

 As bets estão atualmente faturando bilhões de reais, portanto tem fôlego para "turbinarem" seus patrocínios nas camisas dos clubes brasileiros. Mesmo com a regulamentação, acredito que o faturamento continue alto e esta visibilidade nas camisas continuem.

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Nilton Terranova dos Santos

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Wilson Aroma

SPFC é mal gerenciado. E olha que o Presidente é da área de marketing.

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