Rodrigo Mattos

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OpiniãoEsporte

Queda brutal do City mostra como futebol não é ciência exata

Ao final do ano, com metade da Premier League jogada, o Manchester City é apenas o sexto colocado com uma distância de 14 pontos para o líder Liverpool. Na Champions League, a equipe está na 22ª posição, quase no final da zona de classificação para a repescagem.

É o mesmo time, com quase o mesmo elenco, com o mesmo técnico, que venceu quatro Premier League seguidas. Na temporada de 2022-2023, ganhou o triplete, todos os principais títulos.

E, no entanto, quando se assiste ao City neste ano em campo, parece que é uma outra realidade.

O sistema de recuperação de bola após a perda tornou-se uma peneira que cede contra-ataques a rodo. Há chances criadas de gol, mas não no número avassalador de outrora. E, nas oportunidades, o centroavante Haaland não exibe a mesma eficiência de seu início.

Houve, sim, uma contusão importante do volante Rodri, eleito melhor do mundo pela Bola de Ouro e fora da temporada inteira. E outras lesões afetaram a defesa - Stones, zagueiro que era titulares indiscutível, e Rubens Dias estão fora.

Mas isso não é suficiente para explicar o tamanho da decadência do time. O que era uma máquina de jogar futebol de repente tornou-se um calhambeque.

Melhor técnico do mundo, um dos maiores da história, Pep Guardiola mostra meio perplexo em tempos recentes. Chegou a dizer que não é bom o suficiente, reagiu de forma meio atabalhoada a uma provocação de um torcedor rival.

Claro, para explicar o inexplicável, há uma série de teorias, perda de confiança dos jogadores, o time passou a ter o sistema excessivamente estudado, o elenco envelheceu e não foi renovado, Rodri faz mais falta do que parece.

Todos os motivos elencados acima fazem sentido. Mas isso talvez fosse suficiente para explicar uma temporada mais discreta, sem títulos, vagando ali atrás dos líderes por uma vaga certa na Champions League.

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Mas o tamanho da queda do City - que pode ser revertida durante o ano - indica que nem Guardiola e sua obsessão foram capazes de domar completamente um jogo com tantos elementos aleatórios quanto o futebol. Há um aspecto neste jogo que vai além do racional, um que de roleta.

Às vezes a fase vira contra um time e é como se ele tivesse de remar contra uma tsunami. Nem os milhões de libras do City (vindos direto dos Emirados Árabes Unidos), nem a capacidade de Guardiola conseguiram mudar essa natureza indomável do futebol.

Até uma reversão da atual maré ruim só servirá para reforçar essa realidade.

Opinião

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