Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Como aumento da dívida do Galo em R$ 90 milhões explica venda de Paulinho

O Atlético-MG teve um novo crescimento da sua dívida durante o ano de 2024: um total de R$ 90 milhões. Com isso, a SAF acumula um débito líquido de R$ 1,4 bilhão. O incremento no buraco ocorreu apesar de a agremiação ter obtido a maior receita da sua história.

Os números foram apresentados nesta quarta-feira pelo CEO da SAF, Bruno Muzzi, para jornalistas.

Há uma explicação para mais um aumento no passivo do Atlético-MG: a falta de solução para a dívida bancária. Os juros continuam a piorar a situação financeira mesmo com aumento de receita e com a redução dos investimentos no futebol.

Há cinco anos os empresários da família Rubens e Rafael Menin, e o banqueiro Ricardo Guimarães assumiram a gestão do clube. A partir daí, passaram a gastar bastante com o futebol, mas prometiam quitar as dívidas a longo prazo. O plano não deu certo.

Em 2023, o clube virou SAF e os mesmos empresários o compraram. Ao final do ano, houve uma redução brutal da dívida, que caiu de R$ 2,1 bilhão para R$ 1,310 bilhão. Motivo: foi descontado o valor do débito dos Menin (que virou participação) e houve um investimento para redução do passivo.

Mas, de novo, não houve solução para a dívida bancária. Tanto que o débito com bancos saltou para R$ 507 milhões em 2024. Além disso, há uma dívida pela construção da Arena MRV de R$ 410 milhões. Neste caso, o valor caiu. Ou seja, o Galo deve cerca de R$ 900 milhões atrelados a juros Selic, que estão em trajetória ascendente.

Houve ainda crescimento nas contas para pagar: R$ 129 milhões contra R$ 36 milhões no ano anterior.

E isso ocorreu em um ano em que o Galo arrecadou R$ 657 milhões. É um valor com incremento de mais de R$ 200 milhões em relação ao ano anterior, o que se explica pelas receitas da Arena MRV, premiações no futebol e vendas de jogador.

O montante seria suficiente para pagar as despesas do clube já que houve um superávit operacional de R$ 8 milhões. Até porque o clube se conteve em investimentos no futebol. O problema é que há o passivo da dívida bancária.

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Esse cenário de contenção de investimentos não tinha se verificado nos anos anteriores. O Galo gastou R$ 880 milhões para contratar jogadores nos últimos cinco anos, enquanto só recebeu R$ 482 milhões em vendas. A gastança, portanto, ajuda a explicar a difícil situação atual.

Isso deixa claro como era necessária a venda de Paulinho para o Palmeiras por 18 milhões de euros. A lógica de Galo investidor sem limites e brigando no topo do Brasil, diante da realidade das dívidas, se transformou na de um clube vendedor de atletas.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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