Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Por que o custo do estádio do Flamengo saltou para R$ 3 bilhões

Em meio às comemorações da conquista da Taça Guanabara, o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, informou que o custo estimado do novo estádio do Gasômetro já está em R$ 3 bilhões. No total, esse valor é R$ 1 bilhão superior ao orçamento feito pela gestão anterior de Rodolfo Landim.

A nova estimativa ocorre apenas três meses depois da previsão oficial de gasto do estádio ser entregue aos conselheiros do clube. Mas por que os números mudaram tanto em um período tão curto?

Primeiro, os valores anunciados por Bap ainda são uma estimativa com base nos resultados iniciais dos trabalhos da consultoria Arena e da FGV. A Arena é a empresa contratada pelo Flamengo e foi responsável pelo primeiro orçamento.

Dois itens tiveram crescimento considerado na sua estimativa de custo: obras viárias em volta do estádio e descontaminação do terreno do Gasômetro.

Esses dois itens custam R$ 114 milhões na primeira previsão. Agora, estão em R$ 400 milhões.

Pelo documento do primeiro orçamento, a descontaminação aparece em meio a vários outros itens como projetos e obras iniciais, isto é, não é possível saber seu valor isolado. Já a urbanização e paisagismo de áreas externas tinha o valor de R$ 98 milhões na primeira estimativa.

Além disso, a gestão de Bap prevê um custo por assento bem maior do que o feito inicialmente. O orçamento de Landim previa um valor por assento de R$ 25.666. Estava em acordo com a média de estádios construídos no Brasil para a Copa do Mundo. Em valores da época, eram cerca de US$ 5 mil.

A visão da gestão de Bap é de que houve uma inflação desde o período da Copa. Além disso, houve o aumento do câmbio. Na estimativa atual, cada assento sairia por US$ 6 mil. Pela cotação atual, seriam R$ 2,4 bilhões para um estádio de 70 mil lugares.

Membros da diretoria anterior do Flamengo veem o novo custo por assento como elevado e fora de linha com preços praticados na Arena MRV, estádio construído recentemente. O primeiro orçamento apontava que o estádio do Galo teve custo médio de R$ 25.600 por lugar para torcedor.

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Ainda há uma preocupação de aliados de Landim por entender que agora o Flamengo defende um preço maior para implantação do projeto, o que favoreceria quem faz a obra e não o clube. Já a administração de Bap vê a nova conta como mais realista.

Nos novos números do estádio, da gestão Bap, soma-se o total por assento, a obras viárias e o valor do terreno — que ficou em R$ 180 milhões — para chegar a R$ 3 bilhões.

Neste caso, a estimativa ainda seria para um estádio de 70 mil lugares, o que é menor do que o previsto no projeto feito pela gestão anterior. No orçamento, estavam previstos 75 mil assentos.

Por isso, o entendimento de Bap e seus aliados é de que a previsão de R$ 3 bilhões é "por baixo". Ou seja, o valor poderia ser maior.

Dentro desse cenário, todos os planos de prazos e financiamento terão de ser revistos, como já antecipava a atual diretoria. Mas o martelo só vai ser batido depois que for concluído o estudo da Arena e da FGV, o que deve ocorrer no final de março e início de abril — Bap falou em 45 dias. Aí, sim, haverá um valor real para o orçamento.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.