O Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2010 não tem Danny Jordaan, CEO da entidade, como sócio, e destinou ao futebol local toda a verba arrecadada pela competição. Em passagem breve e marcada por muita ação política, Jordaan esteve na Soccerex e falou sobre as diferenças de seu trabalho para o que vem sendo feito para 2014, mas evitou a todo custo críticas a Ricardo Teixeira e o comitê brasileiro.
“Desde o começo, ficou definido que todo o dinheiro arrecadado pelo comitê sul-africano deveria ser investido no futebol local. Tínhamos quatro bases de trabalho: negócios, força de trabalho, futebol e governo”, disse Danny Jordaan.
A explicação mostra as diferenças em relação à composição do COL (Comitê Organizador Local) brasileiro. A entidade criada para gerir e organizar o Mundial de 2014 tem como sócios a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e Ricardo Teixeira, que preside, ao mesmo tempo, a CBF e o COL.
O texto do estatuto, revelado na última semana pelo diário Lance!, mostra ainda que os lucros da empresa podem ser divididos pelos sócios sem respeitar a divisão acionária. Na África do Sul, segundo Jordaan, o COL tinha como “donos” diversas áreas do governo e representantes do futebol local, ao contrário do que acontece no Brasil.
O apontamento de diferenças de gestão entre os dois países, no entanto, foi pontual. O tom cordial, amistoso e, acima de tudo, político, marcou sua passagem. Jordaan chegou ao Rio de Janeiro com um dia de atraso. Sua palestra estava prevista para a última terça, mas ele teve de adiá-la por conta de um compromisso na Suíça.
Nesta quarta, o CEO da Copa de 2010 participou de uma entrevista aberta, promovida pela organização do evento. Quando foi questionado pela plateia sobre a transparência de sua gestão, em comparação com a previsão que se tem para 2014, Jordaan foi evasivo.
“Só posso falar do meu país. Lá, o COL era registrado, publicava balanços periódicos, de acordo com a lei. Tentamos dar o mais alto nível de transparência para a gestão”, disse o cartola, que aproveitou a passagem para falar sobre o futuro.
“Eu acho que ainda posso contribuir para o futebol internacional com a minha experiência, mas temos de ver como posso ser necessário para o mercado. Se eu não tiver espaço, meu plano B é voltar para a minha família, que ficará bem feliz em ter minha atenção”, disse Jordaan.
A política não ficou só nos contatos mais diretos com o público e a imprensa. Nos poucos momentos em que esteve livre no Forte de Copacabana, onde acontece a Soccerex, Jordaan foi atraído pelos delegados da candidatura conjunta de Holanda e Bélgica para as Copas de 2018 e 2022.
Interessados no apoio do sul-africano, que participou do comitê de inspeção de todas as candidatas, os holandeses presentes levaram Jordaan ao seu stand. Em meio a fotos, sorrisos e poses para fotógrafos, os delegados conversavam com o cartola ao pé do ouvido, enquanto ele reagia de maneira blasé, sem externar aprovação, mas evitando contrariar os interlocutores.
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