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Flávio Florido/UOL

Teixeira e outros cartolas foram acusados de corrupção pela imprensa europeia

30/11/2010 - 13h34

COI pede evidências para investigar suposta corrupção de Teixeira e cartolas

Do UOL Esporte
Em São Paulo*

O documentário transmitido pela BBC na última segunda-feira acusando Ricardo Teixeira e outros cartolas do futebol internacional de corrupção já chegou aos ouvidos dos dirigentes do COI (Comitê Olímpico Internacional). Nesta terça, a entidade divulgou comunicado avisando que pretende investigar os nomes citados pelas acusações do programa “Panorama”, entre eles o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

“O COI tomou conhecimento das acusações feitas pelo “Panorama” da BBC e pedirá aos produtores do programa que repassem quaisquer evidências às autoridades responsáveis”, diz texto do Comitê. “O COI tem tolerância zero contra corrupção e vai encaminhar o assunto à sua Comissão de Ética”.

Segundo o documentário exibido pelo COI, Teixeira teria recebido US$ 9,5 milhões (aproximadamente R$ 16 milhões) da ISL, empresa que negociava os direitos de transmissão da Copa e faliu em 2001. O pagamento foi realizado em 21 vezes, por meio da empresa de 'fachada' Sanud, companhia essa que teria ligações - jamais confirmadas - com o cartola brasileiro.

DETALHES DO PROGRAMA*

Na reportagem exibida pelo programa "Panorama" da BBC, o jornalista Andrew Jennings, que investiga há 10 anos a corrupção na Fifa, afirmou ter documentos exclusivos sobre os pagamentos ilegais recebidos por três membros da entidade. Os subornos foram pagos pela empresa de marketing ISL, que obteve os direitos de transmissão para TV de várias Copas.

Os documentos internos obtidos pela BBC dizem respeito a 175 pagamentos ilegais feitos entre 1989 e 1999, em um valor total de 100 milhões de dólares, incluindo à empresa de fachada Sanud, ligada a Ricardo Teixeira, membro do Comitê Executivo da Fifa e presidente da CBF.

A BBC afirma ainda que Issa Hayatou recebeu um suborno de 100 mil francos, em 1995. Nicolás Leoz recebeu o total de 730 mil dólares da ISL.

O documentário informa também que o vice-presidente da Fifa Jack Warner, já acusado de ter revendido entradas para a Copa do Mundo da Alemanha-2006, tentou fazer a mesma operação durante o Mundial da África do Sul.

  • *informações da AFP

Além de Teixeira, os nomes do presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), Nicolas Leoz, e do presidente da Confederação Africana de Futebol, Issa Hayatou, também constam nas denúncias. Os supostos subornos fazem parte de documentos confidenciais que listam 175 pagamentos, e o valor total chega a US$ 100 milhões (cerca de R$ 170 milhões). Os dirigentes também aparecem em ilegalidades na revenda de ingressos da Copa.

Tanto a CBF quanto a Fifa se limitaram a dizer que tais denúncias já foram apuradas. “As questões sobre o caso ISL/ISMM datam de vários anos e foram tratadas pelas autoridades competentes suíças”, afirma a Fifa em um comunicado. “É importante ressaltar novamente o fato de que nenhum funcionário da Fifa foi acusado de qualquer crime no mesmo processo. Além disso, é importante lembrar que a decisão foi tomada sobre assuntos que ocorreram antes do ano 2000, e não houve nenhuma condenação judicial contra a Fifa. O caso está definitivamente encerrado”.

Já o COI avisou que investigará o caso. Mas o Comitê pretende direcionar seus estudos sobre Issa Hayatou, já que o dirigente camaronês é membro do COI desde 2001, tendo, inclusive, participado da comissão que monitorou os preparativos para os Jogos Olímpicos de Pequim-2008.

Todos contra a Inglaterra?

O programa “Panorama” contendo acusações contra os dirigentes veio poucos dias antes da eleição das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022. E os cartolas citados pelo documentário deverão participar da votação, ao lado de outros 19 membros.

A Inglaterra está na disputa para sediar o Mundial de 2018, concorrendo com Rússia, Portugal/Espanha e Holanda/Bélgica. Como a candidatura ibérica seria a favorita dos três cartolas citados, há quem acredite que as investigações viriam em reprimenda ao voto dos três, além da intenção de desestabilizar o Brasil para a Copa de 2014.

No entanto, as acusações da BBC e do jornal suíço Tages-Anzeiger, que também publicou uma reportagem investigativa sobre o caso na segunda-feira, somam-se, entre outras, às denúncias que deixaram o taitiano Reynald Temarii e o nigeriano Amos Adamu da votação do próximo dia 2 de dezembro.

*Com agências internacionais

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