Obras seguem em ritmo acelerado para colocar Fielzão na Copa-2014
Mesmo com 10 por cento da força de trabalho instalada no Itaquerão, Zona Lesta da capital paulista, o gerente da obra, Frederico Barbosa, espera começar o estaqueamento do terreno na próxima semana, iniciando assim a fase de fundação e concretagem das pilastras estruturais do novo estádio do Corinthians. A terraplenagem deverá avançar para os próximos dois meses na parte leste do terreno. Problemas?
“Não temos problema por aqui. Tudo é feito com planejamento, em engenharia. Temos cerca de 200 operários trabalhando na remoção de terra. No pico da obra do estádio, teremos entre 1.500 a 2 mil operários. Aqui eu não discuto contratos bancários nem boletins financeiros. Nesse campo, a gente põe o povo para trabalhar com método e segurança.
O engenheiro Frederico não aceita nem comentar os problemas que o projeto do Itaquerão vem enfrentando dentro dos escritórios dos diretores do BNDES e Banco do Brasil. Os dois bancos oficiais não aceitam o capital virtual do Corinthians como garantia para honrar o empréstimo-padrão de R$ 400 milhões, destinado a todas as sedes da Copa do Mundo-2014.
“Posso te dizer que eu esperava iniciar as fundações nas duas primeiras semanas de julho. Temos ainda alguns dias da semana que vem para o começo do estaqueamento. Nossa sondagem mostrou 18 metros de profundidade de estacas. Temos de testar isso. A semana que vem pode ser boa para esse teste”, disse o engenheiro Frederico Barbosa.
Contra erosão, terrão é regado para ganhar grama
O gerente da Odebrecht em Itaquera abriu um largo sorriso quando lhe foi perguntado sobre a pressão que uma obra como o estádio do Corinthians pode gerar sobre os operários e técnicos:
“Pressão enfrentam o Neymar e o Ganso quando entram para uma final da Libertadores. Eu tremeria se estivesse no lugar deles. Aqui é meu território. Você dilui a pressão do trabalho com planejamento diário. Uma vez fui obrigado a entregar um conjunto de prédios de uma faculdade em quatro meses. Entregamos lá e vamos entregar aqui” profetizou o engenheiro, de quase dois metros de altura.
Enquanto Frederico conversava com o UOL Esporte , um assistente de produção se aproximou para contar que 90 mil metroscúbicos de terra tinham saído do terreno, o equivalente a seis mil viagens de caminhão.
Os números da engenharia são considerados recordes dos operários. O problema no projeto são os números financeiros. O custo do projeto da Odebrecht para um estádio de 65 mil pessoas, digno da abertura da Copa-2014, é de R$ 1 bilhão. O custeio seria dividido assim: R$ 400 milhões sairiam do BNDES e R$ 420 milhões seriam emitidos em títulos municipais de isenção de impostos a quem investir na obra (CID). Caberia ainda ao Corinthians o investimento de R$ 300 milhões para fechar a conta.
A engenharia financeira criada pela Odebrecht previa o lançamento de um fundo de investimento, com cotas de risco vendidas no mercado financeiro e de capitais. Esse pacote de títulos não é aceito pelo BNDES como garantia e a semana corintiana terminou apenas com recorde de remoção de terra e movimento de escavadeiras.