UOL esporte

  • http://esporte.uol.com.br/futebol/copa-2014/ultimas-noticias/2011/10/14/fifa-pune-dirigentes-que-venderam-votos-mas-esquece-propina-de-us-150-milhoes.htm
  • Fifa pune dirigentes que venderam votos mas "esquece" propina de US$ 150 milhões
  • 26/12/2024
  • UOL Esporte - Futebol
  • UOL Esporte
  • @UOLEsporte #UOL
  • 2
Tamanho da letra
Denúncias de suborno cobrem período em que Blatter (foto) era secretário de Havelange

Denúncias de suborno cobrem período em que Blatter (foto) era secretário de Havelange

14/10/2011 - 17h21

Fifa pune dirigentes que venderam votos mas "esquece" propina de US$ 150 milhões

Roberto Pereira de Souza
Em São Paulo

Envolvida em uma série de escândalos por suborno de seus executivos desde os anos 1980,  segundo a Justiça suíça, a Fifa tenta com timidez melhorar sua imagem internacional: o conselho de ética da entidade decidiu suspender vários dirigentes caribenhos que participaram de uma reunião, em maio deste ano, em Trinidad y Tobago, dispostos a vender seus votos na eleição presidencial vencida por Sepp Blatter, em junho. Blatter substitui Havelange na presidência da Fifa, desde 1999. De 1980 a 2001, a Justiça suíça identificou US$ 150 milhões de propinas depositadas em contas de dirigentes da Fifa. A Sanud, de Ricardo Teixeira, está entre elas, com depósitos de US$ 8,5 milhões.

A investigação contra 16 dirigentes da União Caribenha de Futebol foi iniciada em agosto de 2011, dois meses após a vitória de Blatter.

 Todos foram acusados de receber US$ 40 mil dólares (R$ 68 mil) em troca de apoio à candidatura de oposição a Blatter.

O comprador de votos era o representante do Catar, Mohammed Bin Hamman, segundo nota divulgada pela Fifa, em Genebra, Suíça, nesta sexta-feira. Bin Hamman desistiu das eleições na última hora e Blatter foi eleito em chapa única.

Entre os dirigentes punidos aparece Francka Pickering (Ilhas Virgens Britânicas) que foi suspensa por 18 meses e está impedida de exercer qualquer atividade relacionada ao futebol oficial. A dirigente terá de pagar multa de cerca de US$ 500 dólares.

Apesar do aparente rigor ético do conselho da Fifa, nenhum procedimento foi aberto para apurar com profundidade os casos de suborno de outros dirigentes, que figuram em processos na Justiça da suíça, desde 2008.

O caso envolve propinas no valor aproximado de US$ 150 milhões. A descoberta foi possível quando os investigadores suíços desconfiaram da falência da empresa de marketing esportivo, International Sports Leisure (ISL), em 2001. A empresa era dona dos direitos de transmissão de todos eventos oficiais da Fifa, no mundo todo. Metade da empresa era da Adidas e outra metade pertencia a Dentsu, do Japão.

Em seu depoimento à justiça suíça, o executivo da ISL, Jean Marie Webber, se declarou responsável pela distribuição propina  milionária, mas que não “poderia mencionar os nomes das pessoas beneficiadas”. Mais tarde, a Justiça identificou os nomes de 20 empresas que recebiam a propina no período de 1980 a 2001.

A lista incluía  a Sanud, diretamente ligada a Ricardo Teixeira e possivelmente a João Havelange. Segundo o jornalista escocês, Andrew Jennings, “os dois são responsáveis diretos pela empresa no Exterior”.

ALGUMAS EMPRESAS ENVOLVIDAS EM SUBORNO, SEGUNDO JUSTIÇA SUÍÇA

Sanud US$ 8,5 mihões de 16/02/93 a 28/11/97
Beleza US$ 1,5 milhão de 27/03/91 a 01/11/91
Ovada US$ 820 mil 22/01/1992
Wando US$ 1,8 mihão de 06/07/89 a 22/01/93
Sicuretta US$ 42,4 mihões de 25/09/89 a 24/03/99

A Sanud e outras empresas constantes da lista podem esconder uma série de repasses de propina entre 1974 e 1998, tempo em que Havelange esteve na presidência da Fifa e Sepp Blatter era seu secretário geral.

De posse desse material, o Ministério Público Federal pediu a abertura de inquérito policial contra Ricardo Teixeira por lavagem de dinheiro. O irmão do presidente da CBF e Comitê Organizador Local da Copa 2014, Guilherme Teixeira, também será interrogado, por ser o procurador da Sanud, no Brasil.

O procurador da República Marcelo Freire também quer uma auditoria na evolução da riqueza de Ricardo Teixeira, de toda a sua família e sócios.

Entre as empresas envolvidas com propinas, segundo a Justiça suíça, aparecem nomes jocosos como Ovada, Nunca, Beleza, Sanud (Dunas em grafia invertida), Wando e Sicuretta. A Justiça Federal desconfia que essas empresas de fachada ocultem mais operações de brasileiros envolvidos em lavagem de dinheiro.  

Placar UOL no iPhone