UOL esporte

  • http://esporte.uol.com.br/futebol/copa-2014/ultimas-noticias/2011/11/03/greve-na-obra-da-arena-pernambuco-continua-e-trabalhadores-entram-em-confronto-com-a-policia.htm
  • Greve na obra da Arena Pernambuco continua e trabalhadores entram em confronto com a polícia
  • 16/11/2024
  • UOL Esporte - Futebol
  • UOL Esporte
  • @UOLEsporte @UOL
  • 2
Tamanho da letra
Policiais carregam trabalhador que passou mal com o spray de pimenta

Policiais carregam trabalhador que passou mal com o spray de pimenta

03/11/2011 - 17h12

Greve na obra da Arena Pernambuco continua e trabalhadores entram em confronto com a polícia

Vinícius Segalla
Em São Paulo

A greve dos trabalhadores da Arena Pernambuco, estádio que está sendo erguido na Grande Recife para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014, entrou nesta quinta-feira em seu terceiro dia sem nenhuma mostra de que o impasse está se aproximando de uma solução.

Na manhã desta quinta-feira, os operários reuniam-se em frente ao canteiro para nova assembleia, mas a Polícia Militar foi chamada. Os policiais dispersaram os funcionários usando spray de pimenta. Alguns trabalhadores passaram mal e foram arrastados por policiais.

A CIDADE DA COPA DA ODEBRECHT

  • Divulgação

    A empreiteira Odebrecht tem contrato de 33 anos para construir a "Cidade da Copa" na Grande Recife. Obras estão previstas até 2025. LEIA MAIS

De acordo com Leodelson Bastos dos Santos, do Sintepav-PE, o sindicato dos operários da obra, o confronto com a polícia aconteceu porque os policiais não permitiram que ônibus trazendo trabalhadores para a obra tivessem suas portas abertas em frente ao canteiro. "A polícia queria colocar os trabalhadores para dentro da obra à força, que nem se faz com gado", disse Bastos.

Já a Polícia Militar de Pernambuco afirma que foi chamada ao local para garantir o direito dos trabalhadores que quisessem trabalhar de entrar no terreno da obra. A Odebrecht, empreiteira responsável pela obra, diz que os grevistas impediam seus colaboradores de entrarem na obra. Trabalham na empreitada cerca de 1.400 operários.

A greve, que continua a pleno vapor sem qualquer diálogo entre empreiteira e trabalhadores,  acontece em virtude dos supostos maus tratos cometidos pelo chefe da segurança da obra, o coronel reformado Eduardo Fonseca.

Os operários pedem que ele seja afastado do cargo, por ter assediado moralmente os operários, segundo denúncias recorrentes dos peões. A Odebrecht, porém, não está disposta a conversar sobre o assunto.

A empresa afirma que todas as reclamações dos trabalhadores sobre maus tratos e conduta indevida do ex-coronel não passam de mentiras. Afirma também que vai protocolar nesta quinta-feira um pedido na Justiça para que seja declarada a abusividade da greve.

O UOL Esporte tenta ouvir os argumentos do funcionário acusado de assédio moral desde a última terça-feira, mas a Odebrecht se recusa a passar o contato de Fonseca, que é conhecido pelos trabalhadores como "coronel Gadaffi".

Os funcionários também reclamam que dois trabalhadores que pertenciam à Cipa (Comissão Interna para Prevenção de Acidentes) foram demitidos. Como a demissão de trabalhadores que participam da Cipa é vetada por lei, o sindicato levou o caso ao Ministério Público do Trabalho, que prepara uma ação para reintegrar os trabalhadores ao posto de que foram demitidos.

Ao UOL Esporte, a Odebrecht confirma a demissão dos trabalhadores, mas não informa se os funcionários eram ou não membros da Cipa. Em nota oficial, a empreiteira mostra a maneira como enxerga o problema: "Não cabe ao sindicato contestar demissões realizadas na obra, uma vez que esta é uma decisão legítima da empresa, a quem compete avaliar o desempenho de seus colaboradores".

Obras para a Copa de 2014
Obras para a Copa de 2014

Agressões e água no local de descanso

De acordo com os trabalhadores, o coronel reformado Eduardo Fonseca estaria impondo uma "disciplina militaresca" na obra e assediando moralmente os operários. Segundo Leodelson Bastos dos Santos, do Sintepav-PE, a entidade foi chamada nesta terça-feira ao canteiro depois que um incidente ocorrido no horário de descanso que se segue ao almoço revoltou os trabalhadores.

É que o coronel Eduardo Fonseca teria mandado molhar a área onde os peões costumam sentar para pitar um cigarro e relaxar após a refeição. "Não foi a primeira vez que ele fez isso. Acontece sempre. Hoje (terça), os trabalhadores cansaram", alega Bastos.

Segundo o sindicalista, o coronel reformado já teria agredido um operário que fumava um cigarro artesanal de tabaco, que teria sido confundido com um baseado de maconha. "Ele deu dois tapas no peito do peão e, ao perceber o erro, disse que ele perderia o emprego se contasse isso a alguém", afirmou Bastos. "O sindicato entrará na quinta-feira com uma denúncia de assédio moral contra este cidadão junto ao Ministério Público do Trabalho", concluiu. Para a Odebrecht, que não informa se investigou as denúncias, é tudo mentira.

Placar UOL no iPhone