Operários iniciam trabalho noturno no começo de novembro, mas dinheiro ainda é curto.
30/11/2011 - 17h15
Odebrecht tem 22 dias úteis para pedir R$ 400 milhões de empréstimo em nome do Itaquerão
Roberto Pereira de Souza Em São Paulo
A Odebrecht e o Corinthians terão 22 dias para encaminhar o pedido de financiamento do Itaquerão ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O prazo expira em 30 de dezembro, conforme protocolo do banco, publicado quando o “projeto arenas” foi colocado à disposição das 12 sedes da Copa 2014.
Sem dinheiro oficial para tocar a obra orçada em R$ 820 milhões, a construtora está finalizando o chamado o plano B: finalizar a operação de um empréstimo-ponte, no varejo, para colocar em caixa os primeiros R$ 200 milhões. “Esse valor será amortizado quando o dinheiro do BNDES for liberado”, disse uma fonte do sistema financeiro, sob a condição de anonimato.
Até agora, a construtora bancou as despesas do Itaquerão, gastando cerca de R$ 25 milhões. O empréstimo-ponte deve durar até fevereiro. “O dinheiro do BNDES deve chegar entre fevereiro e março”, prevê um negociador do contrato.
A demora do Consórcio Odebrecht-Corinthians em solicitar o empréstimo oficial levantou especulações quanto à possibilidade de o empreendimento contar com investimento estrangeiro.
“ A construtora está pegando dinheiro no mercado brasileiro, não se fala em dinheiro estrangeiro”, explicou o agente financeiro, bastante próximo da batalha dos contratos entra a empresa, o clube e um banco intermediário.
Mas para ser liberado, o financiamento oficial precisa ser pedido até o dia 30 de dezembro. Fora desse prazo, não será possível fechar o financiamento oficial para custeio das obras de reforma e construção dos estádios da Copa 2014, segundo o regulamento do banco estatal.
Quando o contrato de construção da arena foi assinado entre Odebrecht e Corinthians, em setembro, um negociador previu que a papelada do BNDES demoraria mais três meses, chegando ao limite do final do dezembro.
Dentro da construtora prevalece o senso oportuno do silêncio. Ninguém comenta o assunto até que as últimas arestas sejam aparadas na negociação de três partes. Além da construtora e Corinthians, há ainda a necessidade de um banco intermediário que faça a ponte com o BNDES. O banco estatal não empresta dinheiro diretamente a pessoas jurídicas privadas.
“Todos os bancos do sistema operam com dinheiro do BNDES”, explicou um agente financeiro. “Esses bancos fazem o acerto inicial do contrato e recebe as garantias para a liberação do dinheiro”, disse o técnico.
Desde o primeiro encontro entre Odebrecht e Corinthians as garantias ocuparam o foco central dos debates. Mais que isso, por ser responsável diretamente pelo empréstimo, a construtora será junto com o banco intermediário dono majoritário da arena. O Corinthians será minoritário até a quitação final do financiamento, prevista para 2026.
Seis meses depois de iniciada a primeira reunião, com dezenas de pessoas envolvidas na construção da “ engenharia financeira”, nenhuma proposta concreta foi encaminhada ao banco estatal.
“É possível que o pessoal da construtora esteja formatando o que o BNDES considera proposta “madura””, comentou uma pessoa ligada ao banco. Propostas maduras são julgadas rapidamente, diminuindo o tempo de análise e aprovação do empréstimo”, finalizou a fonte.