Deputado José Riva (PSD): "Teve Copa que as pessoas iam até de bicleta para o estádio"
O maior defensor da construção de uma linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em Cuiabá (MT) admitiu que o sistema pode não ficar pronto até a Copa do Mundo. O projeto tem custo mínimo estimado em R$ 1,2 bilhão e será financiado integralmente com recursos do governo federal para obras do Mundial de 2014. O deputado José Riva (PSD), presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, porém, sugere uma alternativa para o transporte na cidade durante o evento internacional: a bicicleta.
Riva e o presidente da Secopa-MT (Secretaria Extraordinária para a Copa), Eder Moraes, foram os principais articuladores do projeto do VLT, que é a maior obra de mobilidade urbana da capital matogressense prevista para a Copa. Inicialmente, porém, a obra de Cuiabá prevista na Matriz de Responsabilidade da Copa, documento assinado em janeiro de 2010 por União, Estados e cidades-sedes do torneio de 2014, era um sistema de corredores de ônibus (BRT), orçado em R$ 489 milhões.
Mas, após uma decisão política das autoridades estaduais, revelada pelo UOL Esporte no dia 7 de julho, o projeto foi alterado para uma linha de VLT, R$ 700 milhões mais cara. A polêmica decisão levou ao atraso da obra, que até agora não foi licitada. O anteprojeto prevê a construção de uma linha de 22 quilômetros e 33 estações.
Após bancar a mudança, José Riva admitiu, em audiência na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, que o VLT pode não estar pronto para a Copa. “Não há garantia de que o VLT fique pronto em sua totalidade para a Copa do Mundo”.
Tal fato, no entanto, não seria um problema, já que o objetivo é construir a linha de VLT para que esta permaneça como legado da Copa para Cuiabá. “Conversei com o técnico Carlos Alberto Parreira e ele me disse que teve Copa em que as pessoas iam até de bicicleta para o estádio. Essa da África do Sul (2010) foi assim", informou o deputado.
O VLT de Cuiabá será financiado pela Caixa Econômica Federal, que entrará com R$ 428 milhões, e pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), que desembolsará R$ 700 milhões.
A licitação que será realizada obedecerá as regras do RDC, o Regime Diferenciado de Contratações, criado exclusivamente para reger as obras da Copa e que reduz os mecanismos de fiscalização e controle do processo licitatório em nome de uma aceleração no processo, dita necessária para que se concluam as obras públicas a tempo do evento.
"Viabilidade forçada"
A disposição de Riva em construir o VLT é conhecida pela população de Mato Grosso. O próprio parlamentar se intitula o maior defensor do modal. No dia 22 de fevereiro deste ano, o deputado conversava com assessores e explicava como tinha sido uma reunião entre o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, e empresários a quem ele solicitava um estudo de viabilidade do VLT em Cuiabá.
O áudio da conversa, reproduzido pelo blog da jornalista Adriana Vandoni, "Prosa e Política", traz José Riva explicando uma preocupação do governador quanto a possibilidade de o estudo considerar inviável a obra para Cuiabá. Tal "problema", porém, segundo o deputado, não existia. "O governador perguntou assim: 'e se vocês fala(sic) que é inviável?’ Aí o empresário que estava lá disse assim: ‘olha, nós vamos forçar o estudo exatamente pra executar essa obra".
No dia 9 de junho, o deputado foi a São Paulo receber um estudo de viabilidade da obra. O resultado foi que a obra era viável.
A Secopa-MT, ainda prevendo licitar o VLT sob as regras do Regime Diferenciado de Contratações, não admite a possibilidade de não entregar a obra para a Copa. Segundo o secretário Eder Moraes, "estamos trabalhando para entregar a obra no prazo, e vamos conseguir. Vamos licitar tudo junto: projeto básico, projeto executivo, licenciamento ambiental obras dos trilhos, veículos e material rodante testado e aprovado. É chave na mão".