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Copa 2018

Sonny Anderson prevê França favorita contra Uruguai e reencontro com Brasil

Paul Gilham/Getty Images
Imagem: Paul Gilham/Getty Images

Vanderlei Lima e Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

05/07/2018 20h00

França e Uruguai se enfrentarão nesta sexta-feira (6), em Nizhny Novgorod, pelas quartas de final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia – o jogo começa às 11h (horário de Brasília). E, mesmo com o bom setor defensivo mostrado até aqui, os uruguaios vão ter trabalho com o talento de Kylian  Mbappé e companhia no setor ofensivo francês.

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É essa a aposta de Sonny Anderson, ex-atacante de clubes como Olympique de Marselha, Monaco e Lyon entre 1994 e 2003. Aposentado dos gramados desde 2006, o brasileiro é comentarista de TV na França e vê a seleção do país europeu como favorita à vitória no confronto desta sexta-feira.

“O Uruguai tem uma defesa muito boa. É uma das melhores defesas do Mundial ao lado da brasileira. São as duas melhores defesas do Mundial. Contra a Argentina, nós vimos uma França como ela deveria ter sido desde o começo: com o Mbappé chegando, decidindo jogos. Esse era o sistema”, disse o ex-atacante ao UOL Esporte, apontando o jovem como o sucessor de nomes como Michel Platini e Zinedine Zidane na condição de craque decisivo da França.

E é em meio a esse “ataque contra defesa” que o brasileiro aponta o favoritismo francês na partida, lembrando da lesão que deve tirar Edinson Cavani do ataque uruguaio.

“Vai ser mais complicado para a França porque ela gosta de jogar. Já o Uruguai não gosta, gosta só de se defender. Não é um time que vai atacar. Marca gols porque tem contra-ataque, o Cavani fazendo gol. Como o Cavani não vai jogar, é complicado para o Uruguai ir para o jogo”, disse. “A França, não. Vai para cima. A França vai fazer o mesmo sistema de jogo que ela teve no último jogo contra a Argentina [4 a 3 nas oitavas de final], só que vai encarar uma zaga muito difícil. Eu acredito que a França é a favorita pelo futebol que mostrou, mas agora vai ter pela frente uma zaga que não é a mesma da Argentina. A zaga do Uruguai é bem melhor.”

“O Uruguai vai fazer o joguinho, aquele jogo dele de se defender de ganhar tempo - sabe que tem menos jogadores de qualidade técnica que a França, fora Cavani, Suárez, Godín e o Gimenez. A França tem muito mais jogadores técnicos, então vai ter que ter mais paciência, porque vai encarar uma zaga difícil. Eu acredito que este jogo não será decidido no tempo normal - vai para a prorrogação e pode ir até os pênaltis”, prevê Sonny Anderson, apontando também para os perigos que Antoine Griezmann deverá oferecer ao Uruguai.

“Está todo mundo esperando um grande jogo do Griezmann. Até agora, foram dois pênaltis que ele marcou (contra Austrália e Argentina), fez os gols. Ele ainda não teve aquele rendimento que todo mundo está esperando dele, mas não vai ter (contra o Uruguai) aquele jogo que aconteceu contra a Argentina. O Mbappé não vai ter os mesmos espaços para pegar aquela bola e fazer aquela arrancada”, alertou.

Ainda segundo o brasileiro, “o jogo pode ser decidido em bolas paradas”. “Na primeira fase, o Uruguai marcou os gols dele quase todos de bola parada; é um lado que a França não gosta, não tem muita qualidade para se defender”, analisou.

Ausência de Cavani ajuda a França

O atacante Edinson Cavani, do Paris Saint-Germain e da seleção uruguaia, ainda se recupera de um edema muscular na panturrilha esquerda. E Sonny Anderson reforça: a ausência no jogo das quartas de final deve deixar a situação sul-americana ainda mais complicada em um jogo que já não será fácil.

“Ele está muito bem, marcou dois gols. Não existe um atacante ainda no mundo que faz o trabalho que faz o Cavani: ele corre, defende bem e marca gols. Isso (ausência) para o Uruguai é muito mal, e para a França é muito bom. Como ele joga aqui no Campeonato Francês, seria uma motivação maior para o Cavani jogar contra a França, poder marcar gol e jogar bem. Para a França, é uma boa novidade. Para o Cavani não, e nem para o Uruguai”, disse Sonny Anderson, que descarta o apoio de torcedores do PSG ao atacante do clube na seleção rival.

“Copa do Mundo é a França. Se ele voltasse contra a França, marcasse gol e eliminasse a França, tirasse a França da Copa, os torcedores iam ficar com raiva dele. Aquele negócio de torcedor. Na Copa, os torcedores não estão dividindo, não. É a França. É igual a brasileiros: ninguém pensa, ‘só porque é brasileiro joga aqui na França’, ninguém está dividido por eles. Está todo mundo torcendo pra seleção francesa”, acrescentou.

E por falar em brasileiros na França, será que Neymar deixará o PSG? No que depender dos franceses, isso não vai acontecer tão cedo.

“Todo mundo está falando que ele vai voltar para o PSG (depois da Copa), mas aqui ninguém deixou sair nada do Neymar, alguma coisa sobre isso”, disse, explicando o esfriamento dos rumores a respeito de uma transferência ao Real Madrid. “Isso foi no começo da Copa do Mundo. Todo mundo começou a falar isso, saiu na imprensa espanhola. Mas aqui, agora, acabou. Ninguém mais fala disso.”

Reencontro entre Brasil e França de olho na Croácia?

O chaveamento da Copa 2018 prevê um cruzamento entre Brasil e França nas semifinais – desde que os dois times ganhem seus jogos na sexta-feira pelas quartas, respectivamente contra Bélgica e Uruguai. Mas aí, para Sonny Anderson, o favoritismo dos franceses acaba.

“Estou vendo o rendimento da seleção brasileira. Não estou vendo as notícias do Brasil como as pessoas estão vendo a seleção brasileira. Mas daqui, do que eu estou vendo, fazendo os jogos do Brasil, a evolução é muito boa - principalmente do rendimento do crescimento do Willian e do Neymar, que está voltando a ser o Neymar que todo mundo conhece”, disse o ex-atacante, que reforça os elogios ao setor defensivo dos comandados de Tite, inclusive como importante peça ofensiva.

“A zaga e o meio de campo do Brasil defendem muito bem, o que deixa a rapaziada lá da frente, os atacantes fazerem o que o William fez no último jogo: arrancar, decidir jogos. Para mim, a zaga da Bélgica é muito lenta, então isso vai valorizar o jogo da seleção brasileira, os atacantes da seleção”, completou.

Mas e caso a semifinal Brasil x França ocorra? Sonny Anderson desconversa, mas admite que o lado brasileiro leva vantagem no coração, mesmo depois de tanto tempo morando na Europa.

“É complicado, porque eu já estava na França em 1998”, diz, em referência à final da Copa do Mundo daquele ano. “Tenho o meu coração, a minha pátria, e tenho os amigos. Então, o coração vai para o Brasil. Agora, sinceramente, vou estar com os dois, Brasil e França. Estou aqui na França há quase 25 anos, meus amigos estão lá na seleção francesa; por outro lado, eu tenho a minha pátria que eu não esqueço nunca. Sou brasileiro, não posso esquecer. Então, se o Brasil ganhar, eu vou estar muito, muito feliz mesmo. Se a França ganhar, eu vou estar feliz”, disse, prevendo um campeão saindo deste lado da chave.

“De Uruguai, França, Brasil ou Bélgica sai o campeão do mundo. Sou casado com uma francesa e tenho quatro filhos, dois brasileiros e dois franceses. Do outro lado, tudo está levando para a Croácia na final. Desde o começo eu falei aqui que a Croácia e o Brasil iam se encontrar na final, porque a Croácia tem um time muito bom, mesmo que no último jogo (classificação nos pênaltis diante da Dinamarca) não tenha ido tão bem”, acrescentou.

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