O que o choro de Giménez na eliminação para a França diz sobre os uruguaios
Marcel Rizzo e Rodrigo Mattos
Do UOL, em Nizhny Novgorod (Rússia)
06/07/2018 15h26
Aos 23 anos, José Giménez via pela segunda vez seu sonho ir embora. E desabou. A imagem do zagueiro uruguaio chorando com o jogo contra a França ainda em andamento, mas com um 2 a 0 já irreversível no placar, correu o mundo.
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"O que eu pensava naquele momento? Sentia tristeza. Tristeza de que o sonho estava indo embora de novo, o sonho da equipe, o sonho de todo um país", disse o jogador, já aparentemente mais tranquilo, cerca de uma hora e meia após a desclassificação do Uruguai nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia.
Em 2014, aos 19 anos, Giménez foi surpresa na lista final de Óscar Tabárez para o Mundial do Brasil, apesar de já estar no elenco estrelado do Atlético de Madri. Começou na reserva, mas a derrota na estreia por 3 a 1 para a Costa Rica fez Tabárez apostar no garoto. Vieram vitórias sobre Inglaterra e Itália, vaga nas oitavas, mas uma desclassificação para a Colômbia nas oitavas de final.
Quatro anos depois, já titular ao lado do capitão Diego Godín, seu companheiro no Atlético de Madri, formou uma zaga segura, que, até o jogo contra a França, havia tomado apenas um gol. Havia confiança de poder chegar mais longe.
"É o futebol. Naquele momento eu sabia que não tinha mais o que fazer. E lutamos muito, é sempre uma luta. Triste pelo sonho não ser concretizado".
Giménez citou, ao menos três vezes, o sonho interrompido também do povo uruguaio. Um país de pouco menos de 3,5 milhões de habitantes, que produz excelentes jogadores, que ama futebol, mas que não consegue chegar a uma final de Copa do Mundo (e ganhá-la) desde 1950, o dia do "Maracanazzo", quando bateu o Brasil por 2 a 1 no primeiro Mundial realizado no país.
Sua reação, por essa relação com o país, foi portanto compreendida por companheiros que nesta sexta foram rivais. O lateral francês Lucas Hernandez, seu parceiro no Atlético de Madri, disse que espera que o parceiro se recupere logo.
"Vamos nos encontrar na volta ao clube e daremos força. É difícil uma derrota como essa, sabemos toda a relação do futebol no Uruguai com sua torcida, e claro que dói para eles", disse Hernandez.
O zagueiro, provavelmente, terá mais uma ou até duas Copas do Mundo. Só não se sabe se terá Tabárez no banco de reservas, já que seu contrato acaba e não sabe se será renovado. De qualquer maneira, a lição para o zagueiro que fica, passada pelo comandante no vestiário após a derrota, foi essa:
"Futebol é assim, levantar a cabeça, vamos dar a reviravolta e tem mais pela frente. Coisas boas virão", disse Giménez.