Como Danilo ganhou italianos para se tornar capitão da Juventus

Durante o início da preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo do Qatar 2022, um jogador estava mais à vontade do que os outros. No CT da Juventus, em Turim, Danilo não só estava em casa, mas também nos corredores do clube que se tornou recentemente um dos capitães.

A liderança do experiente lateral no vestiário da Juve teve mais de um episódio marcante, mas se iniciou em conversas com Cristiano Ronaldo. Danilo era um dos poucos jogadores da equipe italiana que CR7 de fato ouvia e aceitava cobranças.

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O lateral era um dos jogadores com moral suficiente para cobrar quando o astro português ficava devendo ao time no aspecto tático. Ele nem sempre respondia, mas nunca deixou o brasileiro falando sozinho.

Tal comportamento interno fez de Danilo um líder natural no vestiário em pouco tempo. O jogador que saiu do Brasil como campeão da Libertadores pelo Santos e brilhou no Porto, rodou por dois gigantes, Real Madrid e Manchester City, sem conseguir conquistar totalmente a posição, vive uma história diferente na Juve.

Danilo sempre foi estudioso e entusiasta da leitura. Na seleção revelou que se arrisca até escrevendo histórias. Se não teve a melhor relação do mundo com Pep Guardiola, aprendeu bastante com o espanhol no Manchester City e passou a ser visto pelos italianos como um lateral perfeito para atuar na 'Velha Senhora'.

Quando foi trocado por João Cancelo em 2019, passou pelo comando do italiano Maurizio Sarri, mas explodiu com Andrea Pirlo e conquistou o coração da torcida com sua regularidade. É visto na Itália como um lateral extremamente equilibrado, maduro e excelente na fase defensiva — tanto que começou a jogar como zagueiro recentemente e há grande chance assumir a posição nos próximos anos.

Quando os lendários Buffon e Chiellini deixaram a Juve, a faixa passou para Bonucci e Danilo começou a ser ainda mais importante. Além da liderança no vestiário, o lateral tem o costume de passar várias horas no clube e conversar com os mais jovens passando experiência e dando conselhos.

Foi depois de uma pesada derrota na Liga dos Campeões para o modesto Maccabi Haifa (ISR), porém, que Danilo fez por 'merecer' a braçadeira. O elenco estava concentrado há dias antes da partida contra o Torino e o moral estava baixo. Antes do apito inicial, já em campo, os atletas se reuniram em um círculo e foi Danilo quem pediu a palavra: "precisamos focar em fazer bem as coisas simples", disse aos companheiros.

A Juve venceu a partida por 1 a 0, com assistência do lateral brasileiro para Vlahovic. Na partida seguinte, ganhou a braçadeira e vem utilizando-a quando Bonucci não está em campo. A tendência é que renove seu vínculo com a Juventus e assuma de vez a capitania quando o zagueiro deixar o clube.

Danilo tem consciência de que não pode entregar aquilo que laterais lendários no Brasil entregaram, como Cafu e o próprio Daniel Alves, mas sua consistência e liderança o fazem cada vez mais importante na Juve e na seleção brasileira que inicia a disputa da Copa do Mundo do Qatar 2022 no próximo dia 24.

"Em campo, todo mundo sabe o que ele (Dani Alves) pode representar. Ele mostrou na carreira um poder de dar a volta por cima incrível. Ele pode dar muito para a equipe, inclusive características que não tenho condições de dar. Mostrou uma qualidade de passe, descobrir espaços, que poucos jogadores, até de outras posições, têm. Em termos de liderança, o Daniel é um exemplo, seguramente", disse em coletiva recente.