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OPINIÃO

Você não precisa saber quem é Haaland para entrar no clima da Copa

Haaland, em ação pela seleção norueguesa nas Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo de 2022 - Maurice van Steen/Getty
Haaland, em ação pela seleção norueguesa nas Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo de 2022 Imagem: Maurice van Steen/Getty

Demétrio Vecchioli

Colunista do UOL, em São Paulo (SP)

19/11/2022 16h47

Classificação e Jogos

Até porque o Erling Haaland é norueguês e a Noruega não está na Copa do Mundo. E é exatamente essa a ideia: saber, de antemão, se a seleção viking vai ou não jogar o torneio faz pouca diferença para grande parte do público que acompanha o Mundial.

Vide um posto de combustível na Lapa, em São Paulo, que esta semana foi enfeitado com bandeiras de vários países. Inglaterra, Alemanha, Portugal, Suécia, Egito, África do Sul, Paraguai... Se a ideia era dizer: "estamos no clima de Copa", deu certo. Mesmo que metade desses países não tenha se classificado.

Desde a pré-adolescência, eu sempre soube de cor e salteado que países jogariam a Copa. Acompanhava desde as eliminatórias, mesmo da África, Ásia, Oceania, conhecia todos os jogadores das principais seleções, e sabia nomear os destaques das menores. Comprava o álbum de figurinhas e todos os guias à venda.

Mas essa Copa é diferente. Para mim e boa a maioria dos meus amigos. Presumo que para grande parte dos brasileiros também. Todo mundo está menos envolvido com a Copa do que está acostumado. Tensão eleitoral, ausência de amistosos de preparação, menos tempo assistindo TV ao vivo, Copa fora de época...

De uma hora para a outra a Copa chegou. Literalmente, é amanhã. E eu não sei dizer nenhum jogador que vai entrar em campo pelo Equador. Sei que o Arboleda está no grupo, imagino que um dos Valencia também, e só.

Como jornalista esportivo eu deveria me envergonhar? Acho que não. Meus colegas que cobrem futebol também não conheciam os rivais do Isaquias na Olimpíada e, tenho certeza, todos pararam em frente à televisão para ver a prova.

Da mesma forma que é possível vibrar na canoagem (ou na ginástica, ou no boxe, ou no vôlei) sem conhecer quem tá do outro lado, às vezes sem saber nem quem é o brasileiro competindo na TV, também é plenamente possível divertir-se diariamente com a Copa, sentar no sofá para assistir a 50 e tantas partidas ao vivo (algumas são concomitantes), sem ter a menor ideia de quem é o Vlahovic - no caso, o jogador mais perigoso da Sérvia, rival de estreia do Brasil.

Depois de três (senão quatro) anos tão desgastantes para todos nós, faz pouca diferença se quem vai jogar a Copa é a Noruega do Haaland, a Suécia da bandeira no posto, ou a Dinamarca. Desfrute o momento, abra uma cerveja, encha a cumbuca de salgadinho, e torça pelo máximo de jogos de times dos outros indo para os pênaltis.