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Convocação, superstição e concentração: A vida de um fotógrafo na Copa

Buda Mendes está no Qatar e cobrirá sua terceira Copa do Mundo  - Reprodução
Buda Mendes está no Qatar e cobrirá sua terceira Copa do Mundo Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo (SP)

20/11/2022 04h00

Classificação e Jogos

Participar de um grande evento esportivo é algo que passa pela cabeça de alguém que trabalha com comunicação dentro do esporte. Imagina poder fazer parte disso pela terceira vez em uma Copa do Mundo e dividir o campo com todos os craques do mundo do futebol no Qatar. É o caso de Buda Mendes, fotógrafo especializada em esportes, chefe de uma equipe na Getty Images — agência de fotos oficial da Fifa.

Em entrevista ao UOL Esporte, Buda contou que o caminho de um fotógrafo até o Mundial é muito similar com a trajetória de um jogador. Em suas palavras, a única diferença entre a convocação da seleção brasileira e a dos profissionais que vão fazer vários cliques é o técnico Tite anunciando a lista.

"A convocação de um fotógrafo dentro de uma agência internacional é parecida com a convocação de um jogador. Confesso que todas as convocações que tive foram emocionantes para mim. É diferente porque não temos o Tite falando, mas recebemos um e-mail que cita todos os fotógrafos. Sempre é especial", afirmou.

"Hoje eu coordeno uma equipe, somos cinco fotógrafos, essa é a mais importante convocação que eu tive. Eu estou no grupo dos retratos dos jogadores. Nós vamos nos hotéis deles e fazemos foto dos jogadores", acrescentou.

As coincidências entre um fotógrafo e um jogador de futebol não param por aí. Buda diz que o trabalho de um retratista depende de um estudo detalhado dos atletas que ele irá fotografar. Não basta conhecer o esporte para conseguir o tão sonhado 'clique perfeito', é necessário saber quem é o seu modelo.

Os movimentos que um atleta faz dentro de campo, suas comemorações e até a sua perna preferida na hora da finalização contam para um bom resultado final.

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"A gente tem o estudo. Você precisa estudar aquele esporte, você estuda onde o jogador tende a comemorar, qual pé ele chuta, algo que ele sempre faça, um movimento que é repetido. E outro lado é o fator sorte, você tem que ter a técnica, aprimorar cada vez mais o olhar, mas a sorte contribui muito", explicou.

Veja fotos da carreira de Buda Mendes

No futebol você não pode se movimentar enquanto a partida está rolando, só no intervalo. Você fica sentado naquela posição, então tem que ter sorte para quando o cara fizer um gol ele correr para o teu lado. Eu até brinco quando me perguntam: 'Qual é o seu time?', e eu respondo que é aquele que o jogador que fez o gol do jogo veio correndo pra cima de mim". Buda Mendes

Mesmo com muito estudo e experiência, Buda não abre da superstição. Mesmo estando em sua terceira Copa e já ter trabalhado em três Olimpíadas, quatro Paralimpíadas e diversos eventos da Fifa, o fotógrafo disse que tem um 'ritual' para toda vez em que entra em campo para trabalhar — algo bem parecido com o que faz alguns atletas ao levantarem as mãos para os céus pedindo uma última benção.

"Eu tento alinhar a técnica e a sorte. Tenho todo um ritual de me concentrar, sou bastante supersticioso e religioso, então eu tenho os dois lados juntos comigo. Às vezes, o que o jogador faz eu também faço, tenho meus dois anjos lá no céu, meu pai e meu segundo pai, um dos maiores fotógrafos que o Brasil já teve, que era o Vanderlei Almeida, ele me ensinou muito [Vanderlei morreu em agosto de 2017, vítima de câncer]. Toda vez que entro em campo olho pra cima e falo: bora lá meus velhos, é a hora da gente", relatou.

Antes de chegar ao estádio, alguns atletas gostam de ouvir música para entrar concentrado na partida. Com Buda não é diferente, o carioca também é adepto do fone com música alta e acredita que a concentração é um dos pilares da boa fotografia.

"Eu não converso com ninguém a partir [do momento em] que o evento começa, entro com um fone ouvindo música para me concentrar o máximo, sem desfocar. Fotografia é concentração, a gente passa mais tempo concentrado do que clicando. Quando eu estou ali estou representando a minha família, então faço por eles, meus filhos, minha família. Levo muito a sério, pouco brinco, pouco saio, pouco me divirto, é concentração full time. Não dá para relaxar, a concorrência é muito grande. Todo mundo é amigo até o juiz apitar", concluiu.

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