Cristiano Ronaldo vê em Pepe o ombro amigo para fugir de polêmicas
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Cristiano Ronaldo surge no gramado do centro de treinamentos do Al Shahaniya Club, a casa da seleção portuguesa na Copa do Mundo no Qatar. Caminha devagar e dá os primeiros toques na bola. Levanta os calções e faz um mapeamento de 360 graus do ambiente. Não tarda a ter companhia. Raramente fica sozinho, aliás. Tem quase sempre ao lado um especial companheiro de longa data: Pepe.
A cena se repete há duas décadas. Teve início no Sporting, mas durou muito pouco. Menos de dois meses. Destaque do modesto Marítimo, o zagueiro de 19 anos, no papel de primeiro volante, foi chamado para um período de testes no clube lisboeta no arranque da temporada 2002/03. Viu logo no jovem atacante em ascensão o melhor parceiro para partilhar as dores e os sorrisos da grande oportunidade na carreira.
Apesar dos elogios do treinador romeno Laszlo Boloni, o defensor nascido em Maceió, em Alagoas, acabou por não ser adquirido em definitivo. Na ocasião, a pedida de 900 mil euros travou a transferência. Retornou à Ilha da Madeira. A dupla foi desfeita. Porém, por pouco tempo.
Visto como a maior revelação do futebol português naquela altura, Ronaldo, por sua vez, caiu nas graças de todos assim que foi promovido no Sporting. Tinha 17 anos. Também chegou rapidamente à seleção principal, tendo recebido a primeira convocação em 2004, já como jogador do Manchester United, pelas mãos de Luiz Felipe Scolari.
Coube a Felipão, então, reunir Pepe e Cristiano Ronaldo em 2007 - valorizado no Porto, o zagueiro conseguiu a dupla nacionalidade e passou a fazer parte dos escolhidos de Portugal. Dali em diante, não se desgrudaram mais, especialmente a partir de 2009, quando começaram juntos uma trajetória histórica de sucesso ao serviço do Real Madrid.
Agora, em 2022, a parceria é mais importante do que nunca. Curiosamente, os papéis estão invertidos em relação ao longínquo primeiro encontro. Desta vez, é o goleador, aos 37 anos, que vê no defensor, de 39, o ombro ideal para deitar a cabeça e ultrapassar a fase mais conturbada da carreira. Estão lado a lado em solo qatari durante boa parte da preparação para a Copa.
Cristiano Ronaldo, de fato, precisa espairecer. Se apresentou à seleção, na semana passada, na Cidade do Futebol, em pé de guerra com o Manchester United. Tem colecionado problemas desde a pré-temporada e colocou mais lenha na fogueira ao dar uma bombástica entrevista ao jornalista britânico Piers Morgan, onde revelou que não respeita Erik ten Hag e se sente traído pelos dirigentes dos Red Devils. Arrisca, inclusive, ter o contrato rescindido por justa causa.
"Pelo que tenho visto nos treinos, o Ronaldo está numa forma espetacular. Não é uma questão que nos preocupe, de todo", minimizou o volante Rúben Neves, neste domingo (20), em entrevista coletiva.
"É impossível temermos algo em relação a isso, porque não há polêmica no nosso vestiário. Há mais polêmica na imprensa do que dentro no vestiário. Temos um ambiente espetacular aqui", completou, seguindo o mesmo discurso de Bernardo Silva, que falou no dia anterior.
A princípio, o ambiente entre os portugueses no Qatar está mesmo imune aos casos midiáticos do capitão e líder do grupo. Seguramente, também por causa da influência do fiel amigo Pepe.
Galeria da dupla
Referências do futebol mundial, Cristiano Ronaldo e Pepe têm juntos 12 títulos oficiais, entre eles três Ligas dos Campeões (2013/14, 2015/16 e 2016/17), uma Eurocopa (2016) e uma Liga das Nações (2018/19).
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