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Copa 2022: sala com 75 'nerds' controla todos os estádios do Qatar

Centro de comando e controle da Copa do Mundo do Qatar - Igor Siqueira/UOL
Centro de comando e controle da Copa do Mundo do Qatar Imagem: Igor Siqueira/UOL

Do UOL, em Doha

20/11/2022 04h00

Classificação e Jogos

Se o Emir estiver com calor durante Qatar x Equador de hoje (20), que abre a Copa do Mundo de 2022, eles conseguem reforçar o ar-condicionado. Se uma porta estiver travada, eles vão saber e se mobilizar para consertar. Se algum torcedor aprontar alguma coisa na arquibancada, em instantes é possível ter o rosto dele estampado em um dos grandes telões de uma sala com 75 analistas de múltiplas nacionalidades. Esse é o time escalado para trabalhar no Centro de Comando e Controle Aspire, o "cérebro" do Mundial do Qatar.

A convite da organização, o UOL Esporte visitou a instalação localizada no amplo complexo esportivo que abriga centros de treinamento, hotéis e áreas de desenvolvimento tecnológico do país que sedia o Mundial. Os computadores são conectados a um único sistema, batizado de Unistad.

O telão que vai de uma ponta da parede à outra pode exibir imagens de 15 mil câmeras, distribuídas pelos oito estádios da Copa. O servidor é tão poderoso que consegue armazenar 120 dias de conteúdo. Tudo isso pilotado pela equipe de "nerds" contratada pelo Qatar.

É possível também ter rápido acesso a plantas em 3D de todas as instalações, acionar de forma rápida qualquer força de segurança e controlar toda a automação, como a irrigação dos campos, abertura dos portões e controlar a temperatura na arquibancada. Os estádios, inclusive, têm um mapa de calor detalhado para cada setor. É possível perceber se uma parte está mais quente e fazer a distribuição em diferentes proporções para cada espaço no estádio.

"É uma mistura de gestão da instalação, segurança e tecnologia da informação. Essa é a singularidade desse centro de comando. Não é só um lugar para gerir a instalação, cuidar da segurança ou da TI. É tudo combinado", disse Niyas Abdulrahiaman, diretor executivo do centro de controle.

A montagem da estrutura foi pensada para resolver problemas inerentes a uma Copa do Mundo compacta, com vários processos acontecendo simultaneamente. Os estádios recebem jogos dia sim, dia não. Nesse intervalo, é preciso fazer andar toda a parte operacional, de limpeza, eventual manutenção, cuidados com gramado e outras áreas internas. A Copa Árabe, em dezembro de 2021, serviu de teste para todo esse aparato.

Centro de controle da Copa do Mundo do Qatar - Igor Siqueira/UOL - Igor Siqueira/UOL
Centro de controle da Copa do Mundo do Qatar
Imagem: Igor Siqueira/UOL

Se um profissional de qualquer setor do estádio identificar algum problema técnico ou operacional, ele abre um chamado e, como tudo é automatizado e interligado, o pessoal do centro de controle recebe uma notificação de que é preciso agir. Ao mesmo tempo, se algo fora do script (uma confusão) surge em algum setor do estádio, o centro de controle consegue direcionar e localizar os funcionários mais próximos para resolver.

"Isso é alcançado por uma integração muito complexa entre os sistemas. A plataforma coloca os estádios sob um único guarda-chuva. Estabelecemos um novo parâmetro para gestão dos estádios", afirma Abdulrahiaman.

A organização não vê problema em fazer a operação de quatro partidas por dia, sem contar os cuidados com os outros quatro estádios preparados para a rodada do dia seguinte. "Sabemos quantas pessoas estão faltando no estádio, por exemplo, três horas antes do jogo. É em tempo real", diz o diretor do centro.

Para que tudo isso não tenha problema, a cibersegurança é parte fundamental do evento. A organização do Qatar sabe que os ataques estão ficando mais sofisticados e podem impactar na organização.

Por isso, foi desenvolvido um sistema de auto reabilitação, que tem uma inteligência artificial para afastar qualquer ameaça, sem que necessariamente um operador humano inicie manualmente o procedimento de defesa. Se houver uma brecha em alguma das estações de trabalho, o sistema já vai atuar e interromper.

"Mudamos de um sistema reativo para um proativo", avisa Abdulrahiaman.

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