Batuques e dança: refugiados senegaleses se reúnem em SP para torcer
Classificação e Jogos
Mais de cem senegaleses se reuniram em um bar no centro da cidade de São Paulo para acompanhar a estreia do país na Copa do Mundo. Pouco antes do apito inicial para o duelo contra a Holanda, os torcedores fizeram um esquenta com cânticos de apoio e tiveram o ritmo embalado por seis saberes, tambores tradicionais do Senegal. No final, o resultado terminou em 2 a 0 para a Holanda.
O encontro foi promovido por senegaleses refugiados que vivem em São Paulo. Segundo dados da Acnur (Agência da ONU para Refugiados), existem 3.255 senegaleses vivendo nesta condição no Brasil, a maioria em São Paulo. É o maior número de refugiados no país do continente africano e só perde em quantidade para refugiados da Venezuela e da Síria, países que não se classificaram para a Copa do Mundo.
Em São Paulo, quem organizou a festa foi Paco Yega, que está no país desde a Copa de 2014. Ele convidou a comunidade para assistir ao jogo no bar e todos conseguiram um tempinho nos seus trabalhos para comparecer, afinal é Copa. Paco é artista e veio ao Brasil para se apresentar na abertura do Mundial sediado pelo país verde e amarelo e resolveu ficar em busca de condições melhores para sobreviver.
"Eu acho que o Senegal vai ganhar essa Copa do Mundo. Estamos com time forte, mesmo sem Mané. Com ou sem ele, nós vamos levar esse título", disse Paco, confiante com os bons resultados de sua seleção, que joga sem a estrela Sadio Mané — o segundo melhor jogador do mundo na atualidade foi cortado após sofrer uma lesão na fíbula.
Paco faz shows com outros amigos senegaleses, mas também trabalha em uma loja de roupas do centro de São Paulo. Segundo ele, a vida está muito melhor no Brasil. "Gosto muito daqui e também torço pela seleção brasileira. Me acolheram muito bem", completou o artista que aprendeu português "pelas ruas de São Paulo". No Senegal, a língua oficial é o francês.
Após conversar com a reportagem, Paco voltou a agitar seus amigos compatriotas e empolgou a festa. Aos poucos, o bar foi ficando abarrotado. Assim que o jogo começou, os senegaleses observavam atentos às duas televisões do bar e demonstravam aflição com as jogadas da Holanda, porém celebraram muito a boa ação da defesa de sua seleção.
Nas boas chances de gol da equipe senegalesa, os torcedores, é claro, gritaram ainda mais, embarcando nos cânticos de incentivo. Amigo de Paco, Aziz Mbaye era um dos mais contidos, estava concentrado.
Aziz também é artista e veio ao Brasil para se apresentar na Copa de 2014. Assim como o amigo, ficou na esperança de melhores condições e hoje vive melhor trabalhando em lojas de roupas e fazendo shows. No intervalo, a turma levou a cantoria para fora do bar e contagiou quem estava ao redor. Não tem jeito, todo mundo que passa vira um pouquinho senegalês de torcida nessa Copa.
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