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Copa conhece arbitragem 'made in Brazil': muito acréscimo e decisões do VAR

Árbitro brasileiro Raphael Claus repreende Ahmad, do Irã, na partida contra a Inglaterra pela Copa do Mundo - Adrian DENNIS / AFP
Árbitro brasileiro Raphael Claus repreende Ahmad, do Irã, na partida contra a Inglaterra pela Copa do Mundo Imagem: Adrian DENNIS / AFP

Demétrio Vecchioli

Colunista do UOL, em São Paulo (SP)

21/11/2022 16h23Atualizada em 21/11/2022 18h40

Classificação e Jogos

Se os sete jogadores do Brasileirão convocados para a Copa do Mundo tendem a ser reservas de suas equipes, os dois árbitros do futebol brasileiros escalados pela Fifa já fizeram suas estreias. Dos três primeiros jogos do Mundial, dois foram apitados por brasileiros, e um recorde já foi batido: de jogo mais longo entre os que não foram para a prorrogação.

O aumento no tempo de acréscimo é uma orientação da Fifa, como relatou o colunista do UOL Esporte Marcel Rizzo. E a recomendação foi levada a sério tanto por Raphael Claus, que apitou a vitória da Inglaterra sobre o Irã por 6 a 2, quanto por Wilton Pereira Sampaio, juiz de Holanda 2 x 0 Senegal.

Nos dois jogos, os acréscimos generosos influenciaram não no vencedor, mas no resultado. No duelo entre Inglaterra e Irã, o segundo gol da equipe asiática foi marcado por Mehdi Taremi aos 58 minutos do segundo tempo, um recorde em termos de Copa do Mundo. Ao menos desde 1966, quando esse tipo de dado passou a ser contabilizado, nunca um gol havia sido tão tardio.

Isso só pôde acontecer porque Claus concedeu os dois maiores acréscimos da história das Copas do Mundo. No primeiro tempo foram 13 minutos, motivados, sobretudo, pelos oito minutos necessários para o atendimento ao goleiro Ali Beiranvand, do Irã, que sofreu um choque de cabeça, ficou com o nariz sangrando, chegou a trocar de roupa, seguir no campo, mas logo pediu substituição.

A orientação da comissão médica da Fifa é para que, em casos assim, o árbitro aguarde o tempo necessário para o atendimento de pancadas na cabeça. Foi o que fez Claus, que não interferiu quando Beiranvand voltou a jogar visivelmente grogue.

No segundo tempo, foram cinco paradas para substituição e quatro gols até ele apontar 10 minutos de acréscimo, tempo que acabou prorrogado porque Claus marcou um pênalti, para o Irã, depois de recomendação do VAR. No total, a etapa teve 14 minutos a mais do que os 45 minutos regulamentares.

Depois, no jogo entre Holanda e Senegal, foi a vez de o árbitro Wilton Pereira Sampaio dar inicialmente oito minutos de acréscimo no segundo tempo, em parte justificados por um atendimento ao senegalês Kouyaté. Mas o tempo extra acabou ajudando a Holanda, que fez seu segundo gol aos 53. No fim, a etapa teve pouco mais de 10 minutos extras.

A duração excessiva dos jogos tem sido uma tônica no futebol brasileiro, mas não são tão comuns nas grandes ligas europeias. E se tornam ainda mais incomuns em jogos decididos, como estava o duelo entre Inglaterra e Irã. Em Qatar x Equador, partida de estreia do Mundial, foram só seis minutos extras no tempo final.

Outra marca da arbitragem brasileira que se mostrou presente neste segundo dia de Copa foi a utilização do VAR. E também a falta dela, quando o inglês Maguire foi puxado na área por Cheshmi ainda no primeiro tempo. Claus não marcou, o VAR checou o lance e mandou seguir sem que o brasileiro assistisse ao vídeo.

Já no segundo tempo, Claus não viu Stones puxando a camisa de Pouraliganji na área, em movimento que pareceu ter menor impacto do que o puxão em Maguire. Desta vez o brasileiro foi até o vídeo e voltou de lá com a decisão de marcar pênalti.

Nas duas partidas, os árbitros brasileiros distribuíram bem menos cartões do que estão acostumados no futebol sul-americano, apesar de que o número de faltas nesses dois jogos tenha sido quase idêntico ao do Brasileirão.

Raphael Claus só deu dois amarelos, ambos para jogadores iranianos. Desde julho, ele só tinha sido tão pouco enérgico em um jogo, um duelo entre Independiente Del Valle e Melgar, pela Sul-Americana, quando ele só aplicou uma advertência. No Brasileirão, teve média de mais de cinco cartões por jogo, um a cada cinco faltas. Hoje foram necessárias 12 faltas para sair um cartão.

Wilton Pereira Sampaio também teve um raro jogo com poucos cartões: três, todos amarelos, sendo dois nos acréscimos. No Brasileirão deste ano, a média dele foi de exatamente cinco por partida. Isso apesar de o número de faltas de Holanda x Senegal, 26, ter sido maior do que a média de faltas nos jogos dele do Brasileiro: 25,8.