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ANÁLISE

Alemanha perdeu, mas goleou fora de campo com drible em mordaça da Fifa

Direto de Doha (Qatar)

23/11/2022 12h06

Classificação e Jogos

A Alemanha foi surpreendida pelo Japão na estreia da Copa do Mundo desta quarta-feira (23), ao perder por 2 a 1, na segunda maior zebra do torneio até o momento depois da derrota da Argentina contra a Arábia Saudita. Porém, fora dele, os alemães venceram por goleada, ao driblarem a mordaça da Fifa e protestarem antes do jogo contra o que vem ocorrendo no Qatar.

O time alemão fez um protesto antes da partida ao posar para a foto oficial com a mão na boca, em revolta contra a grotesca atitude da Fifa de impedir que os capitães das seleções utilizassem uma braçadeira com as cores da bandeira LGBTQIA+.

A faixa "One Love" serviria para ir contra as leis religiosas do Qatar, país sede escolhido de forma corrupta e estapafúrdia pela entidade máxima que rege o futebol. Por aqui, o Código Penal vê a homossexualidade como uma prática criminosa.

Mas a Fifa ameaçou punir as equipes com cartões amarelos caso o protesto acontecesse, pois o item iria, supostamente, contra o regulamento da competição por conter mensagem política ou religiosa, alegação tão absurda quanto a opção pelo bizarro Qatar para sediar a Copa.

A Alemanha, porém, deu um jeito de driblar mais essa insanidade da Fifa com um protesto perfeito. Afinal, ninguém iria dar cartão amarelo para o time inteiro. E o golerio Neuer ainda entrou com a braçadeira escondida, para completar a bela ação dos alemães.

De quebra, nas arquibancadas, a ministra do interior e da comunidade da Alemanha, Nancy Faeser, também fez história, ao se vestir de forma confortável - em um país onde mulheres locais não podem fazer isso - usando ainda a braçadeira LGBTQIA+ vetada pela Fifa.

Parabéns à Alemanha. Neste momento, o resultado em campo é o que menos importa. Vitórias nem sempre são conquistadas em campo.

Assista o vídeo especial 'A convite do Qatar: a visão feminina sobre as restrições no país da Copa':

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL