Rejeitados dão a volta por cima e carregam a França na estreia
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Adrien Rabiot e Olivier Giroud despertam mais ódio do que amor entre torcedores franceses —e, quem sabe, até para o técnico Didier Deschamps em alguns momentos. Mas foi neles que a campeã do mundo se escorou para conseguir virar o jogo sobre a Austrália, golear e começar a Copa do Mundo com o pé direito.
O início do jogo de ontem foi trágico. Logo de cara, um gol e mais um machucado —Lucas Hernandez sofreu uma lesão grave no joelho, está fora da Copa e da temporada. É o sétimo desfalque para Deschamps, entre jogadores que não puderam ser convocados e outros, como Benzema, que foram cortados já no Qatar.
Neste cenário de caos, foi Rabiot quem colocou o time nas costas e começou a comandar as ações no meio de campo. O time joga todo pela esquerda, buscando Mbappé. O craque francês começou a partida querendo fazer tudo sozinho e só acalmou e passou a jogar melhor para a equipe quando o resultado melhorou.
É por ali, na esquerda, que Rabiot atua e a entrada de Theo Hernandez no lugar do irmão Lucas foi boa para este jogo específico, pois Theo é muito ofensivo. Um passe de Theo para Rabiot gerou o empate. Na sequência, uma roubada de bola de Rabiot e a tabela com Mbappé acabaram na virada, gol de Giroud. O segundo tempo foi história.
Quatro anos atrás, Rabiot não foi convocado por Deschamps para a Copa do Mundo, mas foi chamado para fazer parte de uma lista "reserva" e treinar com o elenco convocado nos dias que antecediam o torneio. Ele simplesmente se recusou, não compareceu. Mandou um e-mail ao técnico dizendo "não estar preparado" para treinar como um estepe.
"Ele cometeu um grande erro. Espero que isso o ajude a crescer. Quando você joga em alto nível, você não pode deixar suas emoções tomarem conta de suas ações", disse o treinador, na época.
Rabiot ficou dois anos afastado da seleção francesa, saiu do PSG depois de ficar um ano sem jogar (esperando o contrato acabar), assinou com a Juventus e voltou a ser chamado por Deschamps em 2020. "O que aconteceu, aconteceu. E eu não sou de tomar decisões radicais. Ele voltou a jogar bem e eu voltei a chamá-lo".
Ontem, após a grande atuação e a definitiva volta por cima de Rabiot, o técnico não poupou elogios ao "dono" do meio de campo francês. "É um jogador completo. Ele é inteligente, tem volume, recupera a posse de bola. Ele é bom no jogo aéreo e também marca gols. Ter Adrien nesse nível é extremamente importante para nós", falou Deschamps.
O técnico, é bom lembrar, ficou seis anos sem convocar Benzema, que só reapareceu na seleção francesa no ano passado. E uma forte razão para aquela reaparição era a fase ruim de Giroud. Titular na Copa de 2018, o "atacante dos zero gols" foi elogiado pelos companheiros na época pelo trabalho tático que fazia abrindo espaços e preparando jogadas. Mas a falta de gols tem limite, e Deschamps apelou para Benzema.
Na Euro, ano passado, Giroud ficou no banco e depois deixou de ser convocado. Parecia que não estaria na Copa. Mas, mesmo com 36 anos, voltou a jogar bem pelo Milan e foi chamado. Com a lesão de Benzema, ganhou a titularidade e justificou com dois gols contra a Austrália e um belo voleio que passou raspando. Ele não fazia um gol em Mundiais desde o Brasil-2014.
No fim, teve o nome cantado pela torcida. E ainda igualou Henry como o maior artilheiro da história da seleção francesa, chegando a 51 gols.
"Foi muito importante vencer esse jogo. Não começamos da melhor forma, mas conseguimos melhorar e voltar à partida. Me sinto abençoado por estar próximo de Thierry Henry agora. Eu sei o que posso fazer pelo time e, quando eu tenho a oportunidade, tento fazer, não posso errar. Em 2018, eu não estive na melhor forma no quesito fazer gols. Foi um tipo diferente de jogo e estou feliz por marcar novamente", falou Giroud após a partida.
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